A ALL (America Latina Logística) anunciou na quarta-feira (dia 16) que investirá R$ 3 bilhões nos próximos cinco anos nas ferrovias do pais. O valor é o mesmo usado para a compra da Brasil Ferrovias, há exatos dois anos. Para crescer 15% em 2007, a empresa diversificou suas atividades de logística. “Há alguns anos, ninguém poderia imaginar que uma ferrovia poderia transportar carne e frango congelados. Isso já e realidade”, conta Alexandre Campos, diretor de industrializados da ALL.
Segundo ele, no período pré-privatização, nos anos 90, o governo investiu muito pouco em ferrovias, e restava a Brasil Ferrovias transportar basicamente grãos e minério de ferro. “Crescemos 19,8% no ultimo trimestre de 2007 investindo em produtos industrializados como carne, madeira, açúcar, arroz, que já representam 25% do nosso negócio. Mas sem perder a commoditie agrícola.”
Por isso, em 2008, o segmento de contêineres devera ser o de maior crescimento na ALL. Está prevista alta de 60% – as operações totais da ALL devem crescer de 12% a 14% este ano. A ALL firmou uma parceria com a empresa belga Katoen Natie, na qual estabeleceu, desde o mês passado, um volume mensal de 2.400 TEUs entre Paulínia e o porto de Santos. “Começamos com dois trens por semana. Até junho, teremos um por dia. Será um grande passo no mercado de São Paulo”, diz Campos.
Assim como Paulínia-Santos, a rota São Paulo-Buenos Aires também foi fundamental no processo de consolidação da ALL no Mercosul. São, em média, 1.200 quilômetros, cinco vezes por semana e 5.000 TEUs transportados por mês nos dois sentidos. “Nossa meta e duplicar esse volume em pelo menos três anos. Mesmo com a competição agressiva de caminhões e navios, a ferrovia é mais competitiva em longas distancias.” Por isso, São Paulo, diz Campos, acumula hoje 1,8 milhão de T de produtos industrializados chegando e saindo do Estado de trem.
Os principais produtos em contêineres são de alto valor agregado como carros, o que configura a tendência mundial. Renault, Ford e General Motors abandonaram parte dos caminhões que levavam e traziam da capital argentina e optaram pelos trens.
Dos R$ 3 bilhões que serão investidos ate 2013, grande parte irá para vias permanentes, sistemas operacionais, reforma de vagões e para melhorias de intermodais, que, junto com o investimento em caminhões, agiliza as operações de entrega porta-a-porta. “Melhoramos muito nossa capilaridade”, afirma Campos.
Um bom exemplo é o acordo, divulgado pela primeira vez, entre a ALL e as empresas Votorantim e Cosipa. Inaugurado no mês passado, o sistema hoje transporta 30 mil T/mês, mas tem capacidade para transportar 70 mil T/mês. Os vagões descem com 35 mil T de calcário para a Cosipa e sobem com a mesma quantidade, em escoria, para a Votarantim. “Foi um acordo muito importante para nós. Ainda mais porque são cargas que, apesar dos picos de consumo, não são sazonais, como os grãos”, explica o diretor de industrializados. Nessa operação, Votorantim, Cosipa e ALL investiram R$ 10 milhões cada uma.
A Votorantim também é parceira da ALL no setor de celulose e papel. A VCP terá investimento de R$ 250 milhões e levara 300 mil T de papel por ano de Três Lagoas (MS) a Santos. O início das operações está programado para maio de 2009 e deverá tirar, segundo Campos, 120 caminhões das estradas todos os dias.
Outro mercado que deverá crescer em 2008 é o de siderurgia. Para a ALL, a estratégia e criar um pólo siderúrgico para abastecer o Rio Grande do Sul. Hoje as bobinas de aço produzidas no Sudeste chegam ao RS por caminhão. “A ferrovia consegue transportar volumes maiores, com mais segurança e regularidade”, diz Campos. Ele acredita que o potencial desse pólo siderúrgico deve chegar a 720 mil T por ano. E com baixos investimentos, pois só será preciso adequar o terminal de Porto Alegre e realocar os vagões que já são utilizados na malha sul. O pólo deve começar a operar ainda este ano.
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