Menos intensamente do que nos Estados Unidos da América, a Europa também sofreu a concorrência dos outros modais de transportes, principalmente a Europa Ocidental, uma vez que nos países da “cortina de ferro”, Europa Oriental, a política centralizada dos governos comunistas protegeu as ferrovias.
Do outro lado do Atlântico a ferrovia também sofria concorrência, relata Allen (1981) em “Les Chemins de Fer”, que a provável morte da ferrovia seria causada pelo automóvel, caminhão, avião a jato e pelas tele-transmissões: a reação aconteceu com a crise do petróleo, que favoreceu os transportes mais econômicos como a ferrovia. Paralelamente, começaram os teste com os trens de alta velocidade, que foi a marca da ferrovia européia nas décadas finais do século XX, relatou Allen (1981).
Características técnicas e operacionais dos trens
Trens curtos: 20 a 30 vagões
Vagões pequenos: 60 toneladas
Trens leves: 1.000 a 2.000 toneladas
Alta velocidade: 150 km/h
Tração: elétrica multi-voltagem
Curtas e médias distâncias: 500 a 1.000 km
Trens de passageiros: nº elevado
Administração Pública
As ferrovias européias expandiram as linhas do TGV francês, do ICE alemão e o AVE espanhol, cobrindo praticamente toda a Europa, inclusive a Inglaterra com o EuroStar sob o Canal da Mancha.
A ferrovia européia apoiada em alta tecnologia exigiu grandes investimentos os quais foram bancados pelos próprios governos que as administram. A experiência da iniciativa privada no Eurotúnel não foi bem sucedida acumulando déficits sucessivos.
Apesar de preferência pelo transporte de passageiros, o serviço de carga europeu também evoluiu e transportam volume crescente de carga geral devido principalmente a velocidade dos trens, na faixa dos 150 km/h, e os congestionamentos nos acessos rodoviários das grandes capitais. A terceirização do serviço de carga para empresas privadas, ficando para as empresas estatais apenas a tração dos trens, também tornou ágil e moderna a circulação de mercadorias na Europa.
Na França, metade da tonelagem de mercadorias transportadas pela SNCF, é encaminhada por trens completos e diretos, e a outra metade é constituída por vagões isolados ou pequenos grupos destes, que caracteriza o lote de carga das médias e pequenas empresas.
A boa operação ferroviária européia está baseada em pátios de triagem nos principais entroncamentos ferroviários de modo que as esperas sejam reduzidas aumentando assim a velocidade de deslocamento. Nos grandes pátios de triagem podem-se encontrar mais de 100 quilômetros de linhas ferroviárias abrigando mais de 5.000 vagões que formam centenas de trens diariamente.
Sílvio dos Santos é gerente de Transportes Hidroviários e Marítimos da Secretaria de Infra-Estrutura de Santa Catarina.
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