Primeiro foi a falta de dinheiro. Agora, são questões burocráticas que ameaçam a celeridade das obras do Metrô de Superfície de Fortaleza — o Metrofor. Depois de ter parado por cinco anos, o projeto, hoje com 55% de execução, agora passa por entraves como a necessidade de atualização tecnológica dos trens e empecilhos de toda ordem, principalmente, na área do Centro de Fortaleza. Até o fornecimento de aço no mercado internacional pode trazer impacto negativo no prazo de conclusão do metrô cearense.
´O problema principal eram os recursos, e isso não existe mais. Agora, uma série de variáveis precisam ser equacionadas para fazer com que o projeto avance nos 45% restantes´, resume Rômulo Fortes, presidente da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), que administra as obras do equipamento. Segundo ele, a Companhia já está negociando com o fornecedor dos trens, a multinacional francesa Alston do Brasil, questões referentes à remodelação e à remontagem da linha de produção dos equipamentos.
Adequações
Fortes lembra que o projeto de Metrofor é de 1997/98 e começou a ser executado em 2000. Mas, as obras pararam em 2002 e só foram retomadas praticamente no ano passado.
´Desde então, a empresa fornecedora dos trens parou de fabricá-los. Com o avanço da tecnologia, teremos de fazer adequações ao nosso projeto. Não existem trem em pronta entrega. Temos de garantir um adequado ao nosso perfil´, diz.
De acordo com o presidente do Metrofor, ´existe um trem com a caixa toda pronta, com motor de tração e outras peças que já saíram da garantia´. A Alston do Brasil, com filial em São Paulo, quer inclusive receber da Companhia remuneração pelo custo de armazenagem do equipamento. ´Os fornecedores cobram a remodelagem, a remontagem e o pátio, que é alugado´, reforça ele.
Matéria-prima
Outro problema com a Alston é a falta de aço inox no mercado internacional. A multinacional parou de produzir as peças das caixas dos trens de Nova York por falta da matéria-prima. ´A China está comprando toda a produção de aço inox do mundo. Até isso pode afetar a execução dos trens do Metrofor´, destaca.
No projeto do metrô local, também devem passar por atualização as partes de interface de fibra ótica, transmissão de dados, sinalização, telecomunicações e softwares.
´Estamos buscando alternativas para absorver a tecnologia moderna. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] tem um dinheiro que teoricamente custeia a atualização tecnológica´, comenta. Segundo ele, o PAC prevê 11% a mais do saldo contratual para essa finalidade.
CBTU
Metroviários querem refederalização
Os problemas porque passam o sistema de trens urbanos da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vão além da burocracia e dos entraves tecnológicos apontados pela direção do Metrofor. Servidores do órgão dizem que enquanto a CBTU caminha para a expansão e fortalecimento das ações no setor, o Metrofor concentrou-se nas obras do metrô, mas ´esqueceu´ os trens urbanos e os funcionários.
Para o presidente do Sindicato dos Metroviários do Ceará, Sérgio Ricardo Wirtzbiki, ´o Metrofor, ao assumir os trens urbanos de Fortaleza, em 2002, não acompanhou o desenvolvimento, reduziu melhorias salariais e diminui as condições de trabalho´. Segundo ele, o que a categoria quer é a (re) federalização do sistema´, ou seja, que ele retorne para a administração da CBTU. Servidores do Metrofor dizem que a CBTU não pretende pedir o sistema de volta, mas arriscam falar que ´se o Estado optar por devolver, a CBTU recebe´. Alguns dizem que o único empecilho para a devolução seria o desgate político para o governo estadual. Consultado, o presidente da CBTU, Elionaldo Magalhães, negou que a Companhia tenha intenção de reabsorver as funções do Metrofor. ´A CBTU não está fazendo estudos nesse sentido´, disse. Acrescentou que os sistemas de Recife e Belo Horizonte não mais serão estadualizados
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