Caos aéreo, estradas esburacadas, pedágios, congestionamento. Diante de tantas dificuldades para rodar o Brasil, o transporte ferroviário surge como alternativa para ganhar tempo e reduzir custos. Um dos projetos nesta área trata de um trem de alta velocidade ligando os centros de Curitiba e São Paulo, com transporte de passageiros em cerca de duas horas.
A informação foi divulgada com exclusividade à FOLHA pelo presidente da Ferroeste, Samuel Gomes. Nesta entrevista, ele fala ainda sobre o projeto de transporte de passageiros entre Londrina e Maringá, a ampliação para os estados do Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, além da polêmica disputa judicial com a Ferropar, que teve recurso negado e a falência decretada pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
O turismo de passageiros por ferrovia é viável no Paraná?
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É totalmente viável e temos planos de investir nisso, tanto que estivemos recentemente em Amsterdã no Congresso Mundial de Trens de Alta Velocidade para fazer a apresentação de um projeto do trem-bala ligando Curitiba a São Paulo. Este projeto é do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), coordenado pelo Jurimar Cavichiolo, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que está estudando isso desde 1995. Ganhamos o apoio da União Internacional de Ferrovias e teremos um seminário internacional em Curitiba, que contará com a participação do ´´pai´´ do TGV francês, do trem espanhol. Este trem entre Curitiba e São Paulo trará muitas soluções para o transporte. Imagine embarcar no centro de Curitiba e duas horas depois estar no centro de São Paulo? Muitas pessoas que hoje sofrem com caos aéreo, enfrentam de ônibus ou de carro a ´´estrada da morte´´ que é a Régis Bittencourt, poderão fazer este trajeto de uma forma bem mais tranquila.
E o transporte de passageiros entre Maringá e Londrina?
A Ferroeste tem apoiado o projeto de um trem entre essas duas cidades. Ajudamos a fazer um estudo e estamos trabalhando para desenvolvê-lo, porque é um trecho extremamente viável. O BNDES pediu que a Ferroeste indicasse um trecho no Paraná para investimento. Indicamos prioritariamente Maringá-Londrina pela riqueza da região, e como segunda opção Cascavel-Foz do Iguaçu em razão do turismo.
Como está o projeto de ampliação da Ferroeste para Mato Grosso do Sul e Santa Catarina?
Temos a concessão para construir ferrovia até Dourados, mas o governador do Mato Grosso do Sul reivindicou que chegássemos até Maracaju, cerca de 80 quilômetros depois de Dourados. É um ponto intermediário entre Campo Grande e Ponta Porã, onde existe uma ferrovia inativa. Chegando até Maracaju, é possível integrar a malha ferroviária do Centro-Oeste e da Bolívia com o Sul do País. Estudos constataram que são mais de cinco milhões de toneladas de milho que vão do Mato Grosso do Sul até o oeste de Santa Catarina, alimentam a indústria do frango e de suínos, e depois vão para Itajaí para exportação. Como Santa Catarina tem como obra prioritária a ligação entre os portos de Itajaí e São Francisco, com a expansão até Maracaju e um ramal de 300 km de Guarapuava até o oeste catarinense, todo transporte que hoje é feito com caminhões e resulta em um gasto excessivo para o produtor será feito de trem. É uma ferrovia que pode começar a ser construída no final de 2009 e terminar em 2010.
De onde virão os recursos?
Estamos falando de uma ferrovia viável. Obtendo financiamento para construí-la, temos a condição de pagar em 15, 20 anos, dependendo da modelagem. A ferrovia pode ser financiada que ela se paga. Além disso, fundos internacionais estão começando a olhar para o Brasil, buscando bons projetos de infra-estrutura. Mas nada impede que também entrem recursos públicos.
Como está a disputa judicial com a Ferropar?
A Ferropar já era. Quem quiser saber desta quadrilha da Ferropar tem que ir no cemitério. Já foi decretada a falência, confirmada por unanimidade no Tribunal de Justiça.
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