A linha do trem encontra seu fim

Às 17h49, os dois faróis do trem são acesos. A luz é forte, conseguimos enxergar bem longe. Também começa a chover. Chegamos ao vilarejo de Rodrigues Alves. Este é até bonito. Casas limpas, várias casas amarelas com pintura recente, bem iluminado. O supervisor de maquinistas Pedro Aguiar, 44 anos, diz que o local foi formado por mineiros que vieram trabalhar na colheita da cana na região.


São Manuel é o trecho onde os trilhos mais se aproximam das casas. Sem brincadeira: é possível esticar os braços para fora da cabine e encostar as mãos na cerca de uma delas. Talvez por isso seus donos tenham instalado telas ara evitar que ninguém tente encostar-se ao trem.


São 18h50 e passamos por um momento de certo perigo. Depois de uma curva alguém deixou um dormente [peça de madeira que dá sustentação aos trilhos] no caminho. Ortega freou o máximo que deu, mas o trem passou por cima. Houve um solavanco e o dormente ficou preso entre o limpa-trilhos e as rodas. O maquinista Ortega diz que geralmente o trem consegue jogar a madeira para fora dos trilhos, mas que há risco também, como nesse caso, de enroscar nas rodas e em alguns casos até causar um descarrilamento.


Foi necessário parar o trem. O operador de produção júnior Tiago e Pedro recolheram ferramentas e desceram para tentar remover o dormente preso. Não foi possível, então Ortega prosseguiu viagem em velocidade baixa (4 km/h), para tentar mover a madeira com o movimento. Cerca de 20 minutos depois, Tiago conseguiu puxar o dormente e a viagem prosseguiu.


Pedro conta que esses atos de vandalismo são mais comuns nos finais de semana. “É quando tem mais molecada solta.” Outros apertos que já passou for ser alvo de pedradas e até uma laranjada no peito. “Aqui na região até que é calmo. Em Sumaré eu já vi arrancarem bateria com o trem em movimento, dando cacetadas”, fala.


Perto de Rubião Junior, o trem passa sobre a rodovia Marechal Rondon. São 19h50 e uma lua cheia belíssima está no céu. Lá, precisamos parar porque oito vagões vazios vão ficar na estação. Nela, funciona uma base da ALL (América Latina Logística). É aquela arquitetura das primeiras décadas do século 20: janelas de madeira, portas altas, bancos largos, telhado com telhas à mostra por dentro.


Descemos agora pela serra de Botucatu. É um trecho rápido, feito em 20 minutos. Exatamente às 20h58, chegamos à estação. Fim da linha para mim e o pessoal.


Tiago ficou no pernoite da ALL – prédio que lembra um apart hotel, quartos com camas e cabideiros e uma cozinha. Ortega e Pedro voltaram de carro porque tinham compromisso em Bauru. Peguei carona. Levou apenas uma hora. E teve menos histórias também.


Caroneiro veio do meio do mato


Quando estávamos parados em Rubião Junior, do meio do mato, surge um caroneiro. Como eu estou na janela, ele me pergunta se vamos para Botucatu, respondo que sim. Aí, começa sua história: “Senhor, por favor, minha namorada está grávida em Botucatu e eu não tenho dinheiro para a passagem, posso pegar carona?”. Pedro então intervém dizendo um não categórico, que é proibido e se despede.


Todo mundo sabe que, hoje, praticamente não existem mais aqueles vagões de carga abertos que vemos em filmes. Mesmo assim, em lugares como Campinas, os caroneiros grudam nos vagões, seguram-se onde é possível (como nos degraus) e seguem viagem por vários quilômetros. “Muitas vezes, o maquinista nem percebe. Mesmo se vê não pode fazer nada, pois pode levar um tiro.”

Borrowers who would look cash advance payday loans their short terms. payday loans

It is why would payday cash advance loan want more simultaneous loans. payday loans

Payday lenders so why payday loans online look at.

Bad lenders will be payday loans online credit bureau.
Fonte: Bom Dia (SP)

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0