O transporte de passageiros, na maioria dos países, é discutido como prioridade. No entanto, no Brasil, os investimentos no transporte público, principalmente no metroferroviário, acontecem, em algumas cidades, há pouco tempo. Muita coisa ainda precisa ser vista e estruturada, para que o transporte público tenha o seu real valor. Esta é a análise do Presidente da Comissão Metroferroviária da Associação Nacional de Transporte Público – ANTP, Joubert Fortes Flores, em entrevista concedida à série “Perspectivas Metroferroviárias – O Transporte e as Cidades”.
Para Joubert, que também é diretor de Relações Institucionais do Metrô do Rio de Janeiro, alguns segmentos da sociedade, formadores de opinião pública no País, já têm noção de que o transporte sobre trilhos é o principal vetor do transporte de massa, e que é capaz de conduzir uma grande quantidade de pessoas sem agredir o meio urbano, além de ser ecológico e politicamente correto.
A expansão do metrô, o aumento da integração com os ônibus, além dos investimentos que visam a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, são também alguns dos destaques da entrevista com Joubert Fortes Flores, realizada em dezembro do ano passado, no Rio de Janeiro, a seguir:
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Na sua visão, o que é preciso para se ter um transporte integrado nas metrópoles brasileiras?
Eu acho que é uma questão de ter primeiro uma política definida de integração, que hoje não tem. Nós aqui no Rio temos os troncos da SuperVia e do Metrô e, ao mesmo tempo, devia ter os sistemas de ônibus como alimentadores deles, mas acaba tendo os ônibus como concorrentes desses sistemas. Então tem uma situação meio caótica. Primeiro você tem que definir uma política e, segundo, uma metrópole, que nem a nossa ou São Paulo; a questão não pode se restringir ao município, tem que envolver toda a região metropolitana, porque muitas viagens não têm origem daqui do Centro. As pessoas vêm de outros municípios, como Niterói, Nova Iguaçu. Então a integração tem que envolver isso tudo, não é simplesmente o que está no município. É uma questão de definição de política e uma questão de organização da região metropolitana. A integração não é circunstancial.
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Como está a integração nas operadoras metroferroviárias brasileiras?
Existem situações diferenciadas, pelo menos as que eu conheço. São Paulo, com a instituição do bilhete único, tem uma integração temporal entre vários modais, que aparentemente funciona bem, não sei se economicamente está solucionada, mas em termos de beneficio para o usuário está. Não adianta também pensar que esse negócio não tem custo, tem que ser equilibrado. Eu sei que Recife tem uma boa integração, mas acho que tem problema também na partição econômica de quanto cada modal tem direito. Aqui no Rio, acho que evoluiu de 2002 para hoje, tanto o Metrô quanto a SuperVia. O Metrô, além das nossas linhas, hoje opera com algumas linhas de integração, operadas por nós mesmos. E nós temos mais 13 linhas que são integrações compartilhadas com empresas que já tinham a concessão. E tem quatro linhas de integração intermunicipal, que envolvem a região metropolitana. Lógico que pode-se fazer muito mais, mas primeiro depende da capacidade de deslocar as pessoas, e é isso que está se tentando investir. Temos também integração com a SuperVia, que está fazendo o mesmo processo com integração de linhas de ônibus. Mas o que eu posso dizer é que se nós, hoje, transportamos 550 mil passageiros/dia, 100 mil são oriundos da integração, seja das linhas que nós operamos, seja da SuperVia, seja das 13 linhas que eu já citei. Isso é uma coisa que antes de 2002 não existia.
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Quais são as perspectivas para o transporte sobre trilhos no país? Como é que você vê isso?
As nossas cidades têm uma deturpação. No mundo, as cidades grandes como as nossas têm também sistemas de transporte público grandes. Iss
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