Um dos eixos estratégicos da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana – SeMob, instituição vinculada ao Ministério das Cidades, é promover a cidadania e a inclusão social por meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo e do aumento da mobilidade urbana. Inserida nesta questão, a CBTU convidou o diretor de Cidadania e Inclusão Social da SeMob, Luiz Carlos Bertotto, que é também presidente do Conselho Fiscal da Companhia, para falar à Série Perspectivas Metroferroviárias – O Transporte e as Cidades, onde aponta as expectativas e os desafios para o setor.
Em sua entrevista, concedida no final de maio de 2008, Luiz Carlos Bertotto reforça que a importância do transporte urbano de passageiros está ligada diretamente à circulação das pessoas nas cidades, principalmente as de baixa renda, que além de sofrerem com o valor elevado das tarifas, sofrem também com sistemas que não atendem às suas necessidades de deslocamento. “Para solucionar estes problemas temos que, como na maioria dos países do mundo, fazer com que o sistema seja subsidiado para que as pessoas de menor condição possam utilizar os serviços”. Veja a seguir a visão do especialista em trânsito e transporte que inclui, em suas observações, que o Governo Federal está discutindo um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a mobilidade urbana, no qual estão inseridas as cidades que serão sedes da Copa do Mundo.
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Qual a sua visão sobre o transporte urbano de passageiros nas cidades brasileiras?
O transporte urbano de passageiros nas cidades brasileiras, com raras exceções, sofre as conseqüências dos seguintes fatores: crescimento desordenado das cidades, principalmente nas periferias; mais de 80% da população brasileira está nas cidades; construção da cidade baseada no uso diário do automóvel; não priorização dos modos não motorizados e coletivos; aumento do número de veículos, principalmente as motocicletas; falta de integração entre os sistemas, os modos e os órgãos gestores de transporte e trânsito; falta de projetos integrados e que possibilitem a construção de um sistema de longa duração; redes que não atendem às necessidades dos usuários; cidades médias e pequenas reproduzem o modelo das grandes cidades como se este fosse um fator de desenvolvimento.
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Na sua opinião, o que é preciso para se ter um transporte urbano integrado nas metrópoles brasileiras?
O grande problema das integrações do transporte urbano nas metrópoles brasileiras é um projeto integrado e único de transporte entre as diversas cidades componentes das regiões metropolitanas, com os Estados e a União, quando esta é responsável pela operação de trens urbanos, fazendo com que tenhamos sistemas sobrepostos e com custos maiores devido à baixa produtividade.
CBTU – A Cidade nos Trilhos: O transporte tem um papel importante na inclusão social nas nossas cidades. Pesquisas recentes mostram que grande parte da população das nossas cidades não estão podendo se movimentar, por não terem recursos para pagar as passagens do transporte público. Como solucionar esta questão?
A importância do transporte urbano de passageiros está ligada diretamente à circulação das pessoas nas cidades, principalmente as de baixa renda, que além de sofrer com o valor elevado das tarifas, sofre também com sistemas que não atendem às suas necessidades de deslocamento, pois não passam próximo às suas casas, principalmente nas periferias, fazendo com que estas pessoas se desloquem a pé, em serviços chamados de clandestinos ou mais recentemente adquiram uma moto ou um veículo mais velho para poder se locomover. Para solucionar estes problemas temos que, como na maioria dos países do mundo, fazer com que o sistema seja subsidiado, para que as pessoas de menor condição possam utilizar os serviços. No entanto, este subsídio só poderá se
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