“Eu não tenho a menor dúvida que estamos construindo um novo marco regulatório para o sistema”. Segundo Marco Arildo, para se ter transporte de passageiros sobre trilhos em outras cidades brasileiras é fundamental que haja, por parte do administrador, a escolha efetiva do metrô, e o metrô custar menos do que custa hoje, na implantação e manutenção.
A TRENSURB é uma empresa vinculada ao Ministério das Cidades e estruturadora do transporte de passageiros sobre trilhos da Região Metropolitana de Porto Alegre e que, segundo o presidente, em janeiro deste ano, 74% das despesas foram pagas com a receita própria. “Aumentamos as tarifas para 13% e a demanda aumentou 6%, então foi o melhor momento da história da empresa”, destaca.
Em sua entrevista à Série “Perspectivas Metroferroviárias – O Transporte e as Cidades”, enquanto participava do Seminário Metroferroviário da Associação Nacional de Transporte Público – ANTP, em 28 de março deste ano, Marco Arildo, apontou diversas questões que, em sua visão, são relevantes para o transporte público, inclusive assegurou que a Copa do Mundo de 2014 será a oportunidade para os metrôs. “Em 1992, a Olimpíada em Barcelona deixou um legado para a cidade monumental: linhas de metrôs, novas avenidas”. A seguir, veja a entrevista na íntegra:
CBTU – A Cidade nos Trilhos: Qual é a sua visão sobre o transporte urbano de passageiros nas cidades brasileiras?
Ele é fundamental para atividade econômica, mas o transporte na cidade tem que ser atualizado. Nós temos hoje algumas experiências importantes como Recife, a Fundação do Consórcio Metropolitano, e Curitiba, que diferentemente do conjunto das cidades brasileiras, tem uma cultura de planejamento. Nós temos que construir redes integradas de transporte que articule todos os modais. Precisamos facilitar o acesso ao transporte e para isso a questão da ‘integração tarifa’ é fundamental. Curitiba tem hoje uma tarifa para toda a região metropolitana. Qualquer cidade da região metropolitana de Curitiba que você acessar o sistema, vai para qualquer lugar com a mesma tarifa. Isso é importante por baratear muito. Curitiba, por exemplo, a tarifa dominical é um real e trouxe um benefício real e concreto: conseguiram elevar o número de passageiros no domingo por causa do valor da tarifa.
Estamos vivendo um momento novo, onde temos que construir. Acho que a tarefa para os administradores das cidades e das empresas é articular os sistemas e construir redes de transporte integradas. No Brasil, não tem previsão legal nas regiões metropolitanas de gestão compartilhada. Agora, tem a figura do consórcio público que pode suprir essa lacuna. Mas, mesmo assim, ainda depende muito da vontade política e o que vemos são partidos diferentes no estado e na prefeitura e disputa política em coisas que não tem que fazer disputa política, tem que ter integração institucional. Os projetos de transporte precisam ter convergência de apoio para poderem acontecer. A cultura pouco republicana no estado brasileiro acaba emperrando o projeto, dificultando o planejamento.
Em Porto Alegre, estamos tentando, com muita dificuldade e muita disputa política. É preciso o governador respeitar o prefeito que não é do mesmo partido e transferir a verba, e o mesmo deve fazer o presidente. Cada um faz a sua parte e todos saem com uma “mãozinha” de cada um. Um projeto não é do fulano nem do beltrano. Com essa desarticulação política do setor público no setor de transporte, o setor privado acaba impondo os seus interesses em cima do interesse público. Por isso, no Brasil, o setor privado deve estar submetido ao interesse público, ou seja, ser uma concessão pública. Até defendo as concessões. Tenho feito muito essa crítica da ineficiência do setor público. Na minha visão, o transporte público tem papel fundamental, mas, no Brasil, para ficar ruim tem que melhorar muito. A situação de Porto Alegre, por exemplo, existe a rede Municipal, o trem, a red
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