Pelo menos 28 empresas de seis países e que representam os maiores fabricantes mundiais de material rodante, de infra-estrutura e fornecedores de sistemas vão disputar o leilão de concessão para a implantação do trem de alta velocidade (TAV) entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A briga pelo maior projeto de transporte brasileiro promete ser entre gigantes do setor, envolvendo empresas espanholas, sul-coreanas, italianas, francesas, alemãs e japonesas que manifestaram ontem, na audiência pública na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, a disposição de se consorciarem e entrar no leilão previsto para fevereiro.
Em pouco mais de duas horas de sessão, onde as empresas tiveram menos de 15 minutos para falar, cada uma se preocupou mais em mostrar o potencial de produção e os resultados nas regiões em que já operam, do que propriamente apresentar um projeto do TAV (ou TBB, Trem-Bala Brasileiro, como já está sendo chamado) para a ligação Campinas, São Paulo e Rio. O Brasil terá que decidir entre os sistemas Shinkansen japonês, ICE alemão, TGV francês, AVE espanhol, KTC sul-coreano e TAV italiano.
Os japoneses defenderam ontem que é necessário, antes de tudo, decidir o sistema que será implantado, para depois iniciar as obras de infra-estrutura. O executivo da Mitsui Brasileira Masao Suzuki citou o exemplo de Taiwan, que decidiu antecipar as obras civis antes da definição do sistema e acabou gastando US$ 1 bilhão a mais do que o necessário. Taiwan construiu túneis mais largos pensando no sistema europeu, mas depois acabou optando pelo sistema japonês, que não exigia obras tão pesadas.
Tanto o executivo japonês quanto o diretor da alemã Transrapid International, Roland Krueger, disseram que é possível construir o trem-bala em cinco anos, mas que, para o sistema funcionar em 2014, na Copa do Mundo, será necessária agilidade do governo brasileiro nas licitações, desapropriações, licenças ambientais, entre outros itens.
Todos os participantes da audiência defenderam a necessidade de que o vencedor do leilão tenha também a concessão das áreas do entorno das estações para investimentos imobiliários, como hotéis, torres de escritórios, serviços, que gerem receita capaz de ajudar a financiar o sistema e, assim, existir condições de oferecer uma tarifa acessível.
Seja o primeiro a comentar