Com recursos federais assegurados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para conclusão das obras, prevista para 2010, o Metrô de Fortaleza (Metrofor) já enfrenta novos desafios no orçamento de despesas para manutenção após entrar nos trilhos. Atualmente, o sistema ferroviário da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) absorve recursos da ordem de R$ 14 milhões, anuais, com folha de pagamento, custeio e manutenção, valor que irá saltar para, pelo menos, R$ 60 milhões, com incremento de despesas de 328,5%, quando o metrô entrar em operação, daqui a quatro anos. E dos R$ 14 milhões, R$ 11 milhões são custeados pela Central Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
A elevação do custeio decorrerá, dentre outras despesas, da necessidade de ampliação do quadro de empregados, dos atuais 350 para cerca de 2.100 ferroviários em 2010, além do aumento dos custos com manutenção dos trens e da malha ferroviária. Segundo confirma o próprio presidente do Metrofor, Rômulo Fortes, o problema está no fato de que o sistema dificilmente se pagará apenas com as receitas dos bilhetes de passagens dos usuários.
“Se o Metrofor operar em plenitude, transportando 350 mil passageiros por dia e totalmente integrado com os demais modais, com a Prefeitura de Fortaleza e com o Sindiônibus, vamos auferir receita de R$ 62 milhões”, explicou Fortes. Sem a garantia de que esse fluxo será alcançado, o Metrofor terá de buscar outras fontes de receitas para custear e subsidiar o sistema.
“Nós temos a consciência de que o transporte de grande mobilidade urbana, com o ferroviário só se paga com o transporte de grande massa de pessoas. O que temos que buscar são soluções para o custeio dessas empresas”, defendeu Fortes, ao descartar proposta dos metroviários de refederalização do Metrofor, debatida na tarde de ontem, em audiência pública, na Assembléia Legislativa do Ceará.
Audiência Pública
Proposta pelo deputado estadual, Heitor Férrer (PDT), a audiência pública buscou discutir a possibilidade de refederalização do Metrofor. Essa proposta cresce no seio da categoria, diante dos atrasos na conclusão das obras, do elevado incremento dos custos mas, sobretudo, pelas perdas salariais registradas nos últimos anos, desde que o sistema ferroviário foi estadualizado, em 2002, no Ceará.
“A estadualização pode ter sido boa para o Metrofor, mas para os metroviários não foi”, exclamou o representante da Federação dos Metroviários, José Inocêncio Vidal. Conforme exposto na reunião, eles temem que ocorra no Ceará o sucateamento verificado no metrô do Rio de Janeiro.
Para Fortes, a federalização não será a melhor saída. Ele avalia que uma gestão Federal, com decisões fora do Estado, não teria a sensibilidade necessária para enfrentar os problemas e realizar novos investimentos. Ele afirmou que os recursos para os salários já estão assegurados pelo governo do estado, a partir de 2010.
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