Duas frentes de serviços estão operando na construção da Ferrovia Transnordestina, um trecho de 110 quilômetros entre Missão Velha, no Ceará, e Salgueiro, Pernambuco. Do lado cearense, o canteiro de obras ocupa 22 quilômetros de extensão, separados pela CE-293, conhecida como estrada “Unha de Gato”, que liga Missão Velha a Brejo Santo. Ali, na localidade chamada de “Café da Linha”, será aberto um túnel que passará por baixo do asfalto da CE-293.
O outro canteiro de obras, numa extensão de 30 quilômetros, partiu de Salgueiro para o Ceará. De acordo com os operários da Empresa Industrial Técnica S/A (EIT), as máquinas já estão nas proximidades da cidade cearense de Jati. No entanto, apesar da grande movimentação de máquinas, nenhum dos trechos está concluído. Não foi colocado sequer um metro de linha férrea.
Recursos
No trecho de 110 quilômetros que liga Salgueiro ao município de Missão Velha, a empresa construtora trabalha, até agora, somente na metade, ou seja, 52 quilômetros. Este trecho está orçado em R$ 220 milhões. A obra toda tem um orçamento de R$ 4,5 bilhões.
Morador da região, o vaqueiro José Rocha não acredita que a obra será concluída em tempo hábil. “É um trabalho muito importante para ser concluído logo”, afirma.
Transformação
Os trabalhos de construção da Ferrovia Transnordestina foram iniciados no dia 6 de junho de 2006, há exatamente dois anos, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso pronunciado ao lado da Estação Ferroviária de Missão Velha, ele disse que aquela ferrovia era a “redenção” do Nordeste.
“Estamos fazendo essa ferrovia para que o Nordeste brasileiro deixe de ser a eterna região pobre do País e passe a ser uma região rica, desenvolvida, capaz de gerar empregos e oportunidades que a sociedade brasileira precisa”, disse Lula.
A Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), que administra a obra, não fornece maiores informações sobre o andamento dos trabalhos. A responsabilidade pelas informações foi transferida para a diretoria, em São Paulo, que também se mantém em silêncio. “Por enquanto, não estamos falando sobre o assunto”, afirma a assessora de imprensa da Companhia, Flávia Ferreira.
De acordo com o projeto, a ferrovia vai cobrir um trecho entre o porto fluvial de Petrolina (PE) e Missão Velha (CE), onde se interligará a malha nordestina administrada pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN). Um segundo trecho projetado ligará o município cearense de Araripe e o Porto de Suape (PE). Essa via já foi apelidada de “ramal do gesso”, pois servirá para transportar esse produto para exportação.
A construção e operação estão a cargo da CFN — concessionária da malha ferroviária da região. Os investimentos serão aplicados na construção dos novos trechos, compra de novos vagões e locomotivas e na recuperação de trechos.
A obra faz parte do Plano de Revitalização de Ferrovias, lançado pelo presidente Lula. Serão 1.860 quilômetros de extensão, sendo 905 de novas linhas. A previsão é de que a obra seja concluída em três anos. Terá capacidade de transportar 30 milhões de toneladas de carga por ano, de produtos como soja, biodiesel, frutas, álcool e minérios.
Ligação
Em abril deste ano estava sendo elaborado o projeto executivo da nova linha (sem financiamento aprovado) entre Nova Russas e Quixeramobim, no Ceará. O objetivo do governo do Estado é que esse percurso passe pela cidade de Santa Quitéria para viabilizar a mina de Itataia.
Importância
A Ferrovia Transnordestina é importante não apenas para Pernambuco, mas para os nove Estados do Nordeste, desde o Maranhão até a Bahia, interligando os pólos de produção agrícola, mineral e industrial da região. Foi iniciada sua implantação em 1990.
Extensão
Com cerca de 2 mil quilômetros de extensão, a ferrovia ligará os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) a regiões como o sudeste do Piauí, sul do Maranhão e oeste
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