A reforma da locomotiva 370 da antiga EF Central do Brasil, a Zezé Leone, foi apresentada à comunidade de Santos Dumont (MG) pela diretora do projeto Memória Ferroviária, Regina Perez, no dia 2 de junho. O trabalho está em plena execução na oficina do IV Depósito, a principal oficina da Central para bitola larga, paralisada após o concessionamento e parcialmente reativada com a reforma.
No trabalho, patrocinado pela MRS, são empregados alunos aprendizes do Centro de Educação Profissional de Santos Dumont — escola técnica que já foi da RFFSA –; mecânicos e caldeireiros da Cooperativa de Tubarão (SC), onde circulavam locomotivas a vapor até a década de 1990; e mão de obra local.
A Zezé Leone é uma locomotiva de alta potência, utilizada para puxar o expresso Rio-Belo Horizonte de Santos Dumont, no pé da Serra da Mantiqueira, até Conselheiro Lafayette, nas proximidades de Belo Horizonte. Foi fabricada pela Alco em 1922 e doada ao Brasil pelo príncipe Alberto,da Bélgica, nas comemorações do centenário da Independência. Rodou até meados da década de 1960, quando foi salva do sucateamento por iniciativa dos ferroviários de Santos Dumont e em respeito à doação feita ao governo da República.
Na apresentação da reforma, no armazém da antiga estação de Santos Dumont, hoje transformado em centro cultural, estiveram presentes ferroviários aposentados que trabalharam no IV Depósito, fazendo a manutenção e operando a locomotiva. O prefeito de Santos Dumont, Evandro Nery, ele mesmo ex-ferroviário, assinou na ocasião o decreto de tombamento de sete carros de aço carbono que ficaram no pátio da oficina e que circulavam com a locomotiva no trajeto Rio-BH.
O secretário Naciona de Estudos e Pesquisas Político-Institucionais da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wagner Caetano, disse na ocasião que o resgate da locomotiva tinha o duplo mérito de recuperar parte importante da história das ferrovias brasileiras e de criar emprego para uma geração de jovens da comunidade. Presentes também o inventariante da extinta RFFSA, Cacio Ramos; o diretor de Engenharia da MRS, Luis Claudio Torelli; o diretor de Operações, Carlos Eduardo Carneiro; o gerente de Patrimônio, Sergio Carrato, e o presidente da MRS, Julio Fontana. Este fez a entrega de um exemplar do Inventário das Locomotivas a Vapor no Brasil, obra do projeto Memória Ferroviária, ao graxeiro, depois foguista e depois maquinista da Zezé Leone, João Correia Nunes.
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