De início, a idéia pode parecer meio estranha e pouco funcional. Um trem de luxo fazendo um percurso de 500 quilômetros entre Curitiba e Foz do Iguaçu para visitantes estrangeiros, principalmente europeus, com um roteiro que começa no Rio de Janeiro, e que utiliza também o avião e ônibus em trechos intermediários.
No entanto, o Great Brazil Express, primeiro trem turístico de luxo a operar no País e um dos poucos trens de passageiros a contar com uma linha regular por aqui – serão quatro viagens mensais – começou a operar em 22 de maio fazendo viagem inaugural com 36 passageiros, convidados para experimentar o gosto de viajar de trem pelo Sul, uma extensa e bela paisagem de campos cultivados, cânions e cidades de colonização européia.
Para um europeu, mais acostumado com esses conteúdos turísticos, até aí nada de mais. O que está atraindo para o pacote é mesmo a curiosidade. Há vários trens de luxo em operação no mundo, mas ninguém nunca tinha ouvido falar de um no Brasil, avalia Jasing Chu, o diretor de marketing do grupo belga Transnico International e responsável pela colocação do produto nas agências de viagem européias, a partir da Holanda.
Pelas suas atrações, o pacote deve funcionar, e muito bem, também para o turista brasileiro que deseja conhecer o Sul e tem curiosidade de experimentar um roteiro com boa gastronomia, cidades e atrações, fora o destino Foz do Iguaçu, sem contar o irredutível prazer de uma viagem de trem realmente confortável.
Também é possível adquirir a viagem por partes. O pacote já está com vendas fechadas até o início de novembro, o que se deve a pouca capacidade de reservas – os dois trens especialmente adaptados para o trecho, do modelo litorina, tiveram sua capacidade reduzida de 54 para 22 passageiros cada para proporcionar o luxo e o conforto necessários para uma viagem como essa.
Adonai Arruda, dono da Serra Verde Express, conta que até aqui investiu R$ 2,5 milhões no Great Brazil Express, dos quais mais de R$ 600 mil foram aplicados na decoração dos vagões, a cargo do designer Paulo Peruzzo, com um conceito que remete a dois dos principais pontos turísticos brasileiros – Foz do Iguaçu e Copacabana, mas com um estilo de estofados, cortinas mesas e luminárias que remete ao Brasil dos séculos XVIII e XIX. O restante foi investido na recuperação dos motores das litorinas.
A viagem do Great Brazil Express demora um pouco a engrenar e a trazer as sensações e especiais de uma viagem de trem. Não por culpa das litorinas, realmente um projeto magnífico de trem de luxo, mas pelo estado lastimável das ferrovias brasileiras – a prioridade do momento é carga. No pacote principal, de dez dias de duração, os passageiros desembarcam no Rio de Janeiro, onde ficam por dois dias e em seguida são transportados por avião até Curitiba. Há, também, um pacote no sentido inverso, partindo de Foz do Iguaçu com destino ao Rio pelo mesmo trajeto e atrações.
Aperitivo
No primeiro dia em Curitiba logo cedo, há uma espécie de aperitivo da viagem de trem por conta do trecho de 80 quilômetros até Morretes, cidade litorânea com arquitetura colonial. A volta é por ônibus com direito a conhecer o bairro gastronômico dos italianos de Santa Felicidade, no retorno à capital.
No segundo dia, há um almoço com pratos típicos do Paraná, no Castelo do Batel, em semelhança aos franceses do Vale do Loire, e uma das mais belas edificações curitibanas. Depois, o grupo segue ainda via ônibus por quase 180 quilômetros até o Canyon de Quartelá, em Tibagi, um dos cinco maiores do mundo, com direito a uma breve passagem e visita a Vila Velha, com suas formações de arenito esculpidas pelo vento. A hospedagem é no hotel-fazenda Itaytyba Ecoturismo, nas bordas do cânion, ao mesmo tempo confortável e rústico , com direito a passeios pelas suas trilhas e várias cachoeiras.
A visita ao Canyon de Quartelá é inesquecível por suas belezas naturais intocadas, mas na seqüência
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