Trens do RJ deixam a desejar

Ir para o trabalho sobre os trilhos é um hábito tão comum na Zona Norte que a cena é como um retrato da região. Mas um teste dos serviços — há dez anos nas mãos das concessionárias Opportrans (metrô) e SuperVia (trem) — feito pelo GLOBO-Zona Norte mostrou que, nesse caso, a imagem não é nada positiva. Pegar trem ou metrô ainda é sinônimo de superlotação e incapacidade das empresas para cuidar da segurança dos passageiros, tanto das mulheres em seu vagão exclusivo, quanto dos que se arriscam atravessando trilhos do trem. Na Linha 2 do metrô e no ramal de Deodoro, os repórteres viajaram 14 vezes. Entre os dias 10 e 15, quatro percursos à noite e três de manhã foram feitos de trem e o mesmo número de metrô. Quatro atrasos (dois para cada concessionaria) foram observados.


Rotina de empurra-empurra e atrasos


Carros lotados, empurra-empurra, atrasos, desrespeito, falta de educação. Quem usa o metrô ou trem diariamente sofre com esses problemas. Nos dois sistemas, o número de passageiros é de um milhão por dia. E, conforme o planejamento das duas concessionárias, nos próximos 15 anos, mais 2,1 milhões de passageiros deverão ser clientes da SuperVia e do Metrô Rio.


Para a estudante Luciana Camargo, de 23 anos, viajar de metrô é um martírio diário. Segundo ela, deveria haver mais vagões em menor intervalo.


Ela conta que sofre ainda mais quando está com o filho Rafael, de 1 ano, pois nem sempre os passageiros cedem o lugar destinado a idosos, deficientes, gestantes e passageiros com crianças de colo.


O professor Anailton de Oliveira Salles, de 32 anos, conta por que deixou de utilizar o metrô. Para ele, a empresa não suporta o fluxo de usuários.


O fotógrafo Diego Mendes sonha com o dia em que o metrô vai ter mais carros e afirma que já passou por situação de caos em um vagão superlotado: — As portas se abriram, e as pessoas tentavam se enfiar pelas brechas e, com isso, tirar quem já estava dentro.


O diretor de Relações Institucionais do Metrô Rio, Joubert Flores, informou que uma nova linha (1A) será construída, até março de 2010, para ligar a estação São Cristóvão à C e n t r a l , a c a b a n d o c o m a transferência no Estácio.


— A alternativa que temos para acabar com a superlotação é a reforma. Não é a solução definitiva, mas é uma maneira de dar mais conforto ao usuário — completa.


No trem, ramal de Deodoro é o que tem menos falhas. Passageiros do ramal de Deodoro (que corta toda a Zona Norte, em 17 das 19 estações) sentem-se até privilegiados, caso olhem para a superlotação dos vagões que vêm da Baixada e da Zona Oeste.


Mas, na quinta-feira, dia 10, o trem das 18h que saiu da Central com direção a Deodoro partiu cheio e, já em São Cristóvão, só se embarcava em pé.


O sufoco continua até a estação de Engenho de Dentro. No trem direto para Central, de Deodoro, das 7h56m, não havia como embarcar. Às 7h58m, partiu outro também lotado e, quem tentou, fez toda a viagem em pé.


No teste da educação, boa parte dos 500 mil usuários da SuperVia fica reprovada. Em todas as viagens, o vagão feminino é desrespeitado. O diretor de operações da SuperVia, João Gouveia, responde que seus agentes de colete vermelho não têm poder de polícia para fazer a lei ser cumprida.


Mas os policiais militares do Batalhão Ferroviário também são poucos. São vistos sempre na Central, mas só na segunda-feira, dia 14, havia um militar na estação de Deodoro. Mesmo assim, passageiros insistiam em atravessar os trilhos, arriscando a vida.


Os agentes de colete vermelho, além de organizar filas nas bilheterias, reprimem (muitas vezes sem sucesso) os vendedores não credenciados pela companhia de trem. Ao agirem, às vezes eles cometem injustiças.


— Fui confundido uma vez com um camelô por causa da minha mochila e mal atendido na estação de São Cristóvão — conta o mecânico Valmiro Guimarães, de 38 anos.


Promessa de investimentos e intervalos menores O diretor de operações da SuperVia, João Gouveia, reconhece que o serviço tem falhas e promete investimentos de R$ 190 milhões até o fim de 2009. A companhia vai reformar as estações de São Cristóvão, Méier, Cascadura e Madureira, na Zona Norte, para convencer o governo do estado a ampliar a concessão da empresa até 2048. A promessa mais ambiciosa será a implantar o sistema de intervalos no ramal de Deodoro, com trens partindo a cada três minutos nos horários de rush.


De cadeira de rodas, sufoco do rush dura o dia inteiro


Para a maioria dos passageiros, a batalha começa no vagão, no momento de encontrar espaço na hora do rush. No caso de portadores de deficiência física, o primeiro front fica metros antes da área de embarque, ainda nos acessos às estações de metrô e trem.


A estudante Bruna Rodrigues, de 27 anos, fala dos obstáculos que um passageiro sem cadeira de rodas jamais perceberia.


— Na estação do Méier, até existe escada rolante, mas é muito estreita. Preciso sempre de ajuda para embarcar e, por duas vezes, tive muitas dificuldades com os agentes da SuperVia, que não são preparados como os do metrô — conta a passageira.


O eletricista Jerônimo da Silva Vicente, de 45 anos, enfrenta problema semelhante no metrô.


— Nunca consigo entrar, por causa do excesso de pessoas. E nem sempre os agentes estão aqui para ajudar. O elevador para deficientes funciona, mas não o encontro em todas as estações.


A comparação entre os dois serviços


TREM


HORÁRIO: Das sete viagens no ramal de Deodoro, duas saíram com atraso, de cinco e seis minutos respectivamente. No dia 15, a viagem de Deodoro a Central no direto, com partida às 7h58m, levou 34 minutos, apenas quatro a menos que no parador.
LIMPEZA: O trem foi varrido apenas em uma das sete viagens.
SEGURANÇA: Na Central, havia dois PMs em todos os dias. Nas demais estações, apenas um PM foi visto, em Deodoro, no dia 14.
CONSERVAÇÃO: Mesmo os trens mais antigos são bem conservados.
De 149, só 34 têm ar.
AMBULANTES: Em cinco das sete viagens, havia vendedores não credenciados.
LOTAÇÃO: Às 7h56m do dia 15, não havia espaço para embarcar em Deodoro para Central.
VAGÃO FEMININO: Sempre desrespeitado, a qualquer hora.


METRÔ


HORÁRIO: São constantes. O maior atraso foi no dia 11, na estação Estácio, da qual o trem que deveria sair às 18h15m partiu às 18h23m.
LIMPEZA: As composições, em sua maioria, são limpas.
SEGURANÇA: Em todas as estações da Linha 2 existem agentes de segurança, que dão orientações aos usuários.
CONSERVAÇÃO: Os carros são bem conservados. Alguns passaram por reformas, mas os usuários se queixam do ar-condicionado.
AMBULANTES: Não há LOTAÇÃO: Às 8h10 de segunda, dia 14, não havia espaço para embarque na estação Maria da Graça.
VAGÃO FEMININO: É respeitado somente nas estações Pavuna e Estácio. Durante o trajeto, homens entram nos vagões.



 
 



 

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Fonte: O Globo

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