Especialistas em Engenharia de Tráfego e Trânsito afirmam que novas obras viárias terão efeito na mobilidade em São Paulo caso se priorize o transporte coletivo. Os projetos das avenidas a serem abertas devem contemplar a construção de corredores de ônibus; do contrário, a cidade pára. Melhor mesmo, para o consultor Horácio Figueira, seria investir os R$ 4 bilhões no Metrô. “Daria para construir duas linhas de 12,5 quilômetros, como a Linha 4-Amarela. Seriam transportadas por dia 2 milhões de pessoas.”
Na avaliação de Figueira, a cidade já vive um “colapso urbano” e a construção de novas faixas de rolagem levaria a um colapso ambiental. “Fico revoltado ao ver dinheiro jogado no lixo por não se investir pesado em ônibus. Esse projeto incentiva o automóvel e o congestionamento em novas vias”, afirma. As idéias seriam bem-vindas, diz Figueira, se a cidade tivesse 500 quilômetros de corredores, com velocidade, oferta e conforto.
O consultor teme que as novas vias se tornem “inviáveis” como ocorreu com grandes obras. “Temos os exemplos dos túneis da Rebouças e Jardins e do estacionamento elevado que virou a Ponte Estaiada no horário de pico. Qualquer obra só deve ser executada se for para garantir fluidez nas horas de movimento.”
Pouco menos ácido, o consultor de Engenharia Urbana Luiz Celio Bottura afirma que a construção de novas vias é fundamental, mas o projeto, se bem elaborado, deve prever corredores. “A cidade precisa de uma via paralela às Marginais do Tietê e do Pinheiros. São necessárias. Tem, no entanto, de colocar faixas exclusivas para os ônibus e fazer uma melhor reocupação do espaço urbano”, diz Bottura.
O consultor ressalta que seria importante a construção de um sistema partindo da zona leste por vias como Anhaia Melo, Paes de Barros, Viaduto Bresser, Rua João Teodoro (região da Avenida do Estado) seguindo em paralelo ao trem até a zona oeste. “Ao fechar esse contorno leste-oeste, poderíamos até substituir o Minhocão.”
Bottura também elogia a criação de uma faixa exclusiva para caminhões à esquerda da Avenida dos Bandeirantes. “Inclusive, essa proposta é minha e a apresentei em 2001”, lembra.
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