O curto-circuito seguido de explosão, que levou pânico aos passageiros da Linha 1-Azul do Metrô, na noite de quarta-feira, foi a 12 pane registrada este ano, de acordo com balanço da própria companhia. O levantamento inclui problemas na rede elétrica, falha mecânica e quedas de pessoas nos trilhos. Para o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, as panes devem-se ao desgaste da frota e à superlotação dos trens, que estão operando acima de sua capacidade. Diariamente, 1,3 milhão de passageiros usam a Linha 1-Azul.
A falha ocorrida na quarta, no terceiro vagão de um trem que seguia sentido Tucuruvi, foi registrada às 22h21, entre as estações Ana Rosa e Paraíso, e paralisou a circulação de trens naquela região por 17 minutos. Cinco pessoas foram hospitalizadas, mas passam bem.
Segundo o diretor de Operações do Metrô, Atílio Nerilo, as causas da pane estão sendo investigadas. Nesta quinta, os 51 trens que compõem a frota da Linha Azul foram inspecionados. O laudo deve ficar pronto na próxima segunda-feira. Os técnicos da companhia utilizaram um termovisor. O equipamento permite observar pontos de aquecimento nos trens em circulação, que podem provocar panes elétricas. Para Nerilo, no entanto, o defeito registrado anteontem foi pontual.
Ao contrário do que os passageiros pensaram, não houve descarrilamento das composições. O curto-circuito provocou o rompimento de um cabo elétrico, o que causou a explosão e a fumaça no terceiro vagão. O dispositivo de emergência foi acionado e os usuários saíram pela passarela de emergência.
Em um levantamento feito pelo Diário de S.Paulo, somente a Linha 1-Azul apresentou, pelo menos, nove defeitos entre janeiro e abril deste ano. No dia 17 de março, o engate entre duas composições quebrou e 250 mil passageiros foram prejudicados.
Atílio Nerilo garantiu que a frota está com a manutenção em dia. Segundo ele, foram destinados R$ 59 milhões para essa área – R$ 19 milhões a mais que no ano passado. Ainda de acordo com o diretor, os 98 trens que compõem a frota das linhas Azul e Vermelha serão reformados no ano que vem.
‘Eram estrondos ensurdecedores’
O dia seguinte ao susto que levou no metrô não foi fácil para a estudante de radiologia Ângela dos Santos, de 31 anos.
– Não consegui dormir. Fazer o mesmo caminho hoje (ontem) de metrô não vai ser fácil – comentou Ângela, moradora de Itaquera, na Zona Leste.
A estudante estava entre os passageiros que entraram em pânico ao ouvir as explosões.
– Eram estrondos ensurdecedores que continuaram até o metrô parar. As luzes se apagaram e começou a sair fumaça preta – detalhou Ângela, que teve queda de pressão e, ao inalar a fumaça, foi vítima de uma crise de bronquite.
– Fiquei assustada. Houve corre-corre. Não consigo parar de lembrar disso. Estou com os nervos abalados – disse.
A advogada Marília Gomes, de 25 anos, se preparava para desembarcar na Estação Paraíso quando começaram os estrondos. Como estava próxima à porta, ela foi empurrada no corre-corre e caiu sobre os trilhos. Teve um ferimento na perna e, apesar do susto, garante que não ficou traumatizada.
– Pensei que fosse tiro ou uma explosão. Cheguei a me agachar. Depois começou a fumaça. O trem não parou imediatamente e começou o empurra-empurra. Como estava próxima à porta porque ia descer no Paraíso, fui empurrada quando a porta abriu. Caí no vão entre o vagão e plataforma e machuquei a perna – contou.
Marília disse que as pessoas ficaram desesperadas.
– Andamos pelos trilhos e pela lateral. Tinha muita fumaça e fuligem. Eu só fiquei aliviada quando subi as escadas e vi a rua.
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