Já está marcada a viagem inaugural do Trem do Pantanal, que percorrerá o trecho entre as cidades de Campo Grande e Miranda, no estado do Mato Grosso do Sul, em maio de 2009. A definição se deu ontem, dia 6, na capital sul-mato-grossense, durante encontro entre o governador André Puccinelli e o presidente da Serra Verde Express, Adonai Aires de Arruda. A Serra será a responsável pelas operações do novo equipamento turístico.
Na próxima semana, uma equipe técnica da Serra Verde (concessionária há mais de 10 anos dos trens turísticos do Paraná) seguirá de Curitiba – sede da Serra Verde – para o Mato Grosso do Sul, para iniciar os procedimentos de implantação da empresa. O grupo será coordenado pelo diretor da concessionária Adonai Arruda Filho.
Ainda ontem, pouco antes do encontro com Puccinelli, que se responsabilizou pela revitalização das estações ferroviárias, Adonai Aires se encontrou com os empresários do turismo do Estado, para lhes apresentar o projeto e solicitar opiniões para melhor desenvolvimento e divulgação do novo trem. A composição terá sete vagões (um econômico, um executivo e cinco turísticos), com capacidade total de 408 passageiros.
De acordo com plano inicial, as operações acontecerão sempre aos sábados e domingos, sendo feito no sábado o trajeto Campo Grande / Aquidauana / Miranda e, no domingo, o sentido inverso. Ao todo, serão 260 quilômetros de extensão com duração da viagem de pouco mais de 8 horas. Os valores das passagens ainda não estão definidos, pois dependem de acerto entre a Serra Verde e a América Latina Logística, responsável pelos trilhos.
Corumbá
Os corumbaenses estão se sentindo desolados ao terem sido excluídos do trajeto que o Trem do Pantanal fará. O secretário de turismo, Carlos Porto, que participou ontem da reunião onde foi divulgado que trajetória seria feita pelo trem afirma ter ficado surpreso ao saber que Corumbá estaria fora desse percurso. Segundo o secretário, os empresários presentes na própria reunião, também colocaram que o trecho mais bonito se encontra de Miranda para Corumbá até Porto Esperança. “E não dá para em uma feira de turismos da America Latina, que é a base, lançar o Trem do Pantanal sem a parte que inclui o pantanal”.
Quando questionado sobre qual foi à explicação que o presidente da Serra Verde Express, Adonai Aires de Arruda, deu a Porto, disse que a desculpa dada foi que a ALL, que é a empresa concessionária de Corumbá, está arrumando o trecho, “mas nós temos estudos que foram feitos, os primeiros foram de Corumbá a Porto Esperança e o governo federal com articulação nossa buscou recursos para restauração da estação de Corumbá e de Porto Esperança para atividades culturais ou atividades administrativas do trem”.
A prefeitura de Corumbá divulgou matéria em seu site manifestando-se contra a volta do Trem do Pantanal sem incluir Corumbá no roteiro turístico, dizendo que “O Trem do Pantanal sem Corumbá não faz parte da história”. Confira a matéria:
A Prefeitura de Corumbá não concorda com a anunciada proposta de retorno do Trem do Pantanal, a partir de maio de 2009, sem incluir a principal cidade do Pantanal no roteiro do novo produto turístico. O secretário de Turismo e Relações Institucionais, Carlos Porto, afirmou hoje que o município vai oficializar a sua posição ao governador André Puccinelli e à empresa Serra Verde Express, que vai operar o novo trem.
“O Trem do Pantanal tem um simbolismo muito forte para Corumbá, a nossa cidade faz parte da memória da ferrovia, o trem e a cidade se confundem na música, na literatura, na história”, disse o secretário. Ele adiantou que o deputado da região, Paulo Duarte (PT), será o interlocutor do município junto ao Governo do Estado. O parlamentar já se pronunciou, criticando a exclusão de Corumbá.
Carlos Porto lembrou que o projeto de retomada do lendário Trem do Pantanal, que fez sua última viagem entre Bauru (SP) e Corumbá em meados dos anos 90, foi iniciado no governo de Zeca do PT, em 2000. Os estudos técnicos elaborados por consultores e ministérios dos Transportes e de Turismo aprovaram o município como primeiro trecho, de 85 km, entre Corumbá e o distrito de Porto Esperança.
História fragmentada
Para o secretário, a história da ferrovia se confunde com o desenvolvimento da fronteira com a Bolívia, onde a linha férrea segue por mais de 600 km até Santa Cruz de La Sierra. “Portanto, não é possível fragmentar uma história de 100 anos. Como falar do Trem do Pantanal sem Corumbá e sem a fronteira?”, questiona ele. “Não queremos ser incluídos num segundo momento.”
Porto disse que a prefeitura respeita os argumentos da empresa que vai operar o trem, mas lamenta que o município não foi chamado para discutir o trecho anunciado. Lembrou que as estações ferroviárias de Corumbá e de Porto Esperança foram recuperadas, por conta do retorno do trem turístico, e algumas operadoras já preparavam roteiros que unem natureza, história e pescaria.
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