A ferrovia brasileira de cargas inaugura uma nova era nesta terça-feira, dia 16 de setembro, quando começa o desembarque, no Porto do Rio de Janeiro, do primeiro lote de locomotivas de Corrente Alternada do Brasil. As 19 máquinas, compradas pela MRS Logística, concessionária da malha ferroviária sudeste, são do modelo GE AC-44i e foram fabricadas nos Estados Unidos.
O desembarque desta terça-feira é o primeiro de muitos que se seguem. Ainda em setembro, a MRS receberá mais um lote com 19 máquinas e, em outubro, outro lote de mais 19 chegará ao Brasil. Entre novembro e dezembro de 2008, mais oito locomotivas, estas últimas fabricadas no Brasil, também vão integrar a frota da Empresa, totalizando 65 máquinas de corrente alternada.
Pesquisa
O pioneirismo da MRS tem sido destaque no cenário ferroviário brasileiro. A opção pela tecnologia AC (Corrente Alternada) antes era um desafio. Estudos precisavam comprovar sua viabilidade técnica e econômica. “A equipe da MRS, em especial a de Engenharia de Locomotivas, realizou estudos para comprovar que o custo inicial, mais alto que o das locomotivas de corrente contínua, é recompensado”, explica o Gerente Corporativo de Engenharia de Manutenção, Gustavo Monasterio.
“As locomotivas AC têm potência de 4.400 HP e seu grande diferencial está em como essa potência é transformada em tração. Ao contrário das máquinas de corrente contínua, que possuem um limite mínimo de velocidade para manter o esforço trator, as locomotivas de corrente alternada mantêm os níveis desse esforço trator mesmo em velocidades mais baixas da composição. O esforço de frenagem dinâmica também está plenamente disponível nessas baixas velocidades. Em alguns casos, como no auxílio, empurrando trens em rampas muito íngremes, conseguiremos substituir até quatro máquinas de corrente contínua, utilizadas hoje, por duas ACs em uma mesma composição ferroviária. É um grande ganho. Além disso, a manutenção destes equipamentos é mais simples, gerando maior disponibilidade pois, para alguns componentes, o desgaste presente nas locomotivas de corrente contínua, simplesmente não existe nas ACs”, detalha Gustavo.
Os primeiros estudos sobre a utilização das locomotivas AC na MRS nasceram em um projeto de conclusão do curso de Pós-Graduação em Engenharia Ferroviária que a Empresa oferece para seus colaboradores, em parceria com o Instituto Militar de Engenharia (IME). Seu autor, Ênio Gomes da Silva Jr, já foi Maquinista, Instrutor e, hoje, integra a equipe da Engenharia de Locomotivas. Mais um exemplo de que a MRS é uma Empresa que investe em seus colaboradores, em pesquisa e no potencial de crescimento e de inovação da ferrovia brasileira.
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