Francisco Basso Dias
Uma campanha que se estendeu em toda a região da Grande Erechim para que fosse reativado o trem turístico ligando Marcelino Ramos até Passo Fundo ganhou repercussão, chegou a funcionar por algum tempo, mas foi perdendo força e acabou desativado definitivamente. Isto é, a população não colaborou com a iniciativa.
Lembro muito bem que na oportunidade, foi feito um esforço muito grande das autoridades, lideranças de vários setores dos municípios ligados pela estrada férrea, mas o projeto se decompôs pela falta de passageiros. Talvez não tivesse ocorrido uma conscientização maior sobre a importância da volta do trem e o que poderia representar em termos econômicos para a região, tão pouco explorada turisticamente.
No Brasil existem hoje 23 trens turísticos que subsistem graças ao esforço de micro e pequenas empresas e empreendedores amantes da cultura ferroviária. Segundo os agentes e guias de turismo, trem é transporte, turismo e cultura.
Acabo de ser informado de que o município de Bento Gonçalves recebeu na última semana a visita de um consultor do Sebrae Nacional. Veio avaliar as potencialidades do local, contemplado pelo projeto que tem apoio do Sebrae, Ministério do Turismo e Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos Culturais (Abottc). O objetivo do projeto é aliar o desenvolvimento do turismo à preservação da história ferroviária.
Tenho uma sugestão à comunidade regional: por que não rediscutir a volta do trem através de um projeto integrado e explorar o turismo na região?
Está fazendo falta nesta hora o falecido Sebastião Aves Teixeira, um estudioso e um dos maiores incentivadores do turismo na região. Lembro muito bem da sua insistência, com prefeitos da região, para que Erechim e outros municípios do Norte do Estado criassem um pólo turístico, tomando como ponto de partida a existência local da Cascata do Nazári, com suas águas sulfurosas, o balneário de águas quentes de Marcelino Ramos, o Cemitério do Combate, onde foram sepultados vários revolucionários da refrega de 1923, a topografia ao longo do trecho Erechim-Marcelino Ramos, com destaque para os viadutos da rede férrea, os vales, em fim, todo o panorama natural digno de ser admirado pelos viajantes.
Com certeza, o retorno da Maria Fumaça representaria benefício para toda uma cadeia de interessados. Preliminarmente seria um passo a mais para o maior desenvolvimento econômico de pequenas cidades por onde passa o trem. Alguns exemplos: nas estações de paradas, instalar “stands” para venda de produtos artesanais, frutas não industrializadas, cachaça, vinhos, sucos, cucas, schmias, compotas, produzidas de forma caseira e uma infinidade de outras iguarias típicas, próprias da região.
A volta do trem turístico seria um bom assunto para os novos candidatos a prefeito e vereadores na região do Alto Uruguai começarem a discutir, pois uma das mais importantes indústrias sem chaminé, que é o turismo, traz ótimo retorno indireto para ás Prefeituras.
Iniciativa como esta serve de oportunidade para mostrarmos não só ás belezas naturais da região, mas, igualmente, o potencial dos oito municípios do trecho que liga Passo Fundo, Coxilha, Estação, Erebango, Erechim, Gaurama, Viadutos e Marcelino Ramos.
É um bom assunto para ser pensado e discutido neste período eleitoral. O candidato que colocar na sua plataforma (não diria promessa, porque de promessa o povo já anda cheio), mas batalhar para que o trem turístico voltasse a percorrer a nossa linha férrea tão pouco utilizada, ganharia muitos simpatizantes, com certeza.
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