O mercado espera para este mês a venda da Namisa, mina da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Localizada no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais e com produção anual de 2,6 milhões de toneladas de minério de ferro, a empresa é alvo de disputa até de empresas japonesas. Os interessados mais cotados por analistas são a Tata Steel e o consórcio liderado pela trading japonesa Itochu, em parceria com as siderúrgicas Nippon Steel e a JFE. Não está descartada a presença da ArcelorMittal nessa corrida, dado o forte apetite da siderúrgica por ativos de minério de ferro.
Os japoneses, segundo fontes, estão interessados em adquirir ativos de mineração, seguindo a tendência de verticalização do setor de aço. A Nippon Steel chegou a participar da disputa pela mina de Itatiaiauçu, vendida pela London Mining à ArcelorMittal por quase US$ 900 milhões. A siderúrgica japonesa já é dona da J.Mendes, pois tem a maior participação acionária na Usiminas. A JFE já teve uma sociedade com a Companhia Vale do Rio Doce na mina de Capanema (MG), hoje exaurida. A trading Itochu tem presença na Cenibra, empresa de papel e celulose de capital 100% japonês instalada em Minas.
As apostas do setor de mineração e de analistas de bancos são de que o negócio feche em breve e que a siderúrgica de Benjamin Steinbruch possa levar entre US$ 5,5 bilhões e US$ 10 bilhões, caso venda 100% do ativo. A CSN só venderá todo o ativo se for pago um grande prêmio pelo comprador. “Se vender por US$ 200 a tonelada de minério de ferro, a CSN recebe US$ 8 bilhões. Se vender por US$ 250, pode receber US$ 10 bilhões”, calcula o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan Corretora.
Ferraz lembra que a Anglo American pagou US$ 262 por tonelada de minério de ferro das minas dos sistemas Amapá e Minas Rio, adquiridos da MMX. Para chegar a este preço, a Anglo levou em conta a produção de minério das empresas (36 milhões de toneladas as duas, com percentuais de venda de 70% do sistema Amapá e 51% do Minas Rio) e mais o investimento necessário para o desenvolvimento dos projetos, estimado em US$ 4,2 bilhões para os sistemas.
Há dúvidas em relação a logística da Namisa. O novo dono da mina pode ficar dependente da CSN. A siderúrgica garante ceder fatia de sua participação na ferrovia MRS ao futuro proprietário. Mas, para exportar o minério, ele terá de usar o terminal portuário da CSN em Itaguaí.
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