A crise financeira mundial e a conseqüente falta de crédito abalaram um dos homens mais ricos do país, o empresário eike Batista, dono da holding EBX. Ontem, a subsidiária LLX, de logística, anunciou a suspensão da construção de um terminal portuário em Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, orçado em US$ 2 bilhões. A decisão foi tomada por uma questão de “disciplina financeira”, afirma a empresa.
As ações do grupo também sofrem.
Do início de agosto até ontem, as empresas de eike, como a MMX, de mineração, a OGX, de petróleo, e a LLX, perderam, juntas, cerca de R$ 17,775 bilhões em valor de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As perdas das companhias estão entre as maiores da Bolsa.
Do início de setembro até ontem, as empresas registraram recuo de 55,56% em seu valor de mercado, contra perda de 13,65% da Petrobras e de 27,60% da Vale. Eike declarara, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” publicada anteontem, que a atual crise “não dá nem frio na barriga”. O empresário também afirmou ao jornal que seu grupo estava “megacapitalizado”.
Segundo o presidente da LLX, Ricardo Antunes, a construção do Porto Brasil foi suspensa, não abandonada, devido à pouca disponibilidade de crédito no país. Com o corte, os investimentos totais da empresa passarão de US$ 3,9 bilhões para estimados US$ 2 bilhões, diminuindo os desembolsos a curto prazo.O mercado reagiu mal à notícia.
As ações da LLX tiveram uma das maiores quedas da Bovespa ontem, com recuo de 25,92%. Apenas ontem, o valor de mercado da companhia recuou R$ 150,51 milhões, para R$ 430,04 milhões. Desde agosto, as perdas somam R$ 1,401 bilhão.
O Porto Brasil, que vai ocupar 12 mil hectares, tinha previsão para entrar em operação no início de 2012. O objetivo, segundo a empresa, é facilitar o escoamento da produção de minério de ferro do Sistema Corumbá da MMX.
Segundo a corretora Ativa, a suspensão do projeto da LLX mostra que a escassez de crédito em função da crise já está afetando o dia-a-dia das empresas brasileiras e obrigandoas a rever investimentos.
— Todos estão cientes do atual momento do mercado financeiro, da pouca disponibilidade de crédito. Só estamos adotando uma atitude bastante conservadora e prudente dada à situação atual do mercado. A suspensão ocorreu devido ao conservadorismo financeiro da companhia — disse Antunes.
Em teleconferência, o executivo disse que o projeto poderá ser retomado, caso haja condições.
E ressaltou que os projetos do Porto de Açu e Porto do Sudeste — ambos nos Estado do Rio — estão mantidos. Segundo ele, o BNDES deverá ser a principal fonte de financiamento. A LLX informou que já tem a aprovação formal de um financiamento de R$ 1,3 bilhão.
— Só vamos investir recursos em projetos com margem clara de geração de caixa. Não temos problemas no curto prazo. Temos todos os recursos para investir normalmente nos outros portos — afirmou Antunes.
Ontem, a MMX tentou acalmar acionistas. Em comunicado ao mercado, afirmou que usa instrumentos de proteção cambial de forma não especulativa e mantém política conservadora.
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