O Governo adiou para o segundo semestre de 2009 o leilão do trem de alta velocidade (TAV) que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo. A informação está no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), divulgado ontem. No último balanço, feito em junho, a previsão era de que o leilão seria feito em fevereiro do ano que vem.
Um dos motivos para o adiamento foi o atraso dos estudos de viabilidade. No balanço anterior, era prevista a conclusão desses estudos até setembro. A estimativa agora é de que sejam concluídos até dezembro. Apesar da mudança, o balanço considera que a obra está em nível adequado de execução.
“Há uma necessidade de complementar os estudos. Em um projeto com a dimensão do trem de alta velocidade nós temos de dar um nível de precisão técnica muito aguçada”, disse a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
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A construção da pista e do pátio do aeroporto de Guarulhos é outra que está em situação preocupante. Isso porque o Tribunal de Contas da União determinou a revisão dos preços do contrato, o que não foi aceito pelo consórcio. A perspectiva é de que essa questão seja resolvida até o fim de novembro.
O balanço mostra, também, que a construção do ferroanel de São Paulo está em situação de atenção. A previsão é definir, em conjunto com o governo de São Paulo, a melhor alternativa para a obra até o fim do ano. “O ferroanel está em amarelo (atenção) porque está havendo uma discussão entre o Governo federal e o de São Paulo no sentido de viabilizar e melhor proposta. Há uma resistência por parte do Governo federal no sentido de passar cargas dentro de São Paulo”, disse a ministra.
Morosidade
Para o especialista no setor Gerson Toller Gomes, diretor executivo da Revista Ferroviária, o atraso da licitação do TAV não está ligado diretamente à crise, mas sim à falta de informações e estudos sobre o tema, pois “as decisões são muito volumosas e a longo prazo, por isso não vejo com a crise teria impacto. A Coréia, que é um país similar ao Brasil, levou dez anos entre decisão e construção de seu TAV. Eles fizeram um instituto ferroviário para analisar o sistema de transportes. Como faríamos em seis meses?”
Na opinião dele, o projeto pode ser prejudicado se as discussões demorarem muito a ser retomadas. “A divulgação do Governo federal versava que as primeiras informações teríamos em setembro, o edital, em dezembro, e a licitação, em março. Isso não aconteceu”, disse.
Procuradas pela reportagem, as empresas Alstom, Trends Engenharia e Siemens, que sempre disseram ter interesse na licitação do TAV, não quiseram se posicionar sobre o assunto.
Clique aqui e confira o balanço do PAC
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