A venda de quase metade do capital da Namisa a um consórcio de peso da siderurgia asiática é o primeiro grande negócio realizado por Benjamim Steinbruch desde que assumiu o comando executivo da empresa em maio de 2002. O negócio é também emblemático porque ocorre em plena crise financeira mundial que levou ao fechamento de todas as torneiras de crédito para as empresas. De uma hora para a outra o empresário engorda o caixa da siderúrgica em mais de US$ 3 bilhões e fica numa situação considerada bem confortável.
Conforme avaliação de analistas, a transação amarrada pela CSN com o consórcio nipo-coreano garante à brasileira o controle da Namisa, valoriza seus ativos e indica um referencial de valor para sua grande mina, Casa de Pedra, torna-se uma fonte de recursos garantida e traz fôlego financeiro para executar seus investimentos. A dívida líquida da CSN em 30 de junho era de R$ 5 bilhões. Com a venda, pelo dólar de sexta-feira, seu caixa fica líquido em cerca de R$ 1,7 bilhão.
A grande tacada de Steinbruch, explica um profundo conhecedor a indústria de mineração brasileira, foi unir a venda de parte da Namisa com um contrato de longo prazo de venda de minério de Casa de Pedra. “Foi um negócio inteligente, pois juntou a mina de teor inferior da Namisa (antiga CFM) e um pré-contrato de minério de alto teor de Casa de Pedra”. Contratos desse molde costumam ter prazos de dez a 15 anos.
Dono de 45% do capital da CSN, por meio da Vicunha, Steinbruch tentou passos ousados nos últimos anos para tornar a CSN uma siderúrgica de grande porte e projeção internacional. Seus movimentos buscaram casar o que ela tinha de diferencial – controle de uma fonte rica de matéria-prima, além de sistema logístico – e os ativos alvos nos mercados de EUA e Europa. A maior disputa foi pelo controle da britânica Corus, que acabou em mãos do indiano Ratan Tata. Se tivesse tido sucesso, a CSN teria se tornado a sexta maior siderúrgica do mundo em produção.
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