Moradores do RJ optam por vans

A qualidade do transporte público não está correspondendo à expectativa dos moradores do Rio. Segundo pesquisa feita em setembro pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), os passageiros deram nota 5,3 (numa escala de 0 a 10) para os serviços oferecidos.


E com linhas de ônibus em excesso em alguns bairros e escassas em outros, filas nas barcas e superlotação no metrô e nos trens, estava aberto o caminho para que, com as modalidades de transporte analisadas separadamente, as vans saíssem na frente no grau de satisfação dos usuários, com nota 6,5, apesar de cerca de seis mil delas — metade das que circulam no Rio — trafegarem irregularmente.


Com isso, põem em risco a segurança dos passageiros e causam grandes transtornos ao trânsito. Freqüentemente, motoristas fazem protestos que provocam engarrafamentos na cidade. Além disso, parte desses veículos é controlada por grupos criminosos, como as milícias.


A pesquisa mostrou um quadro de insatisfação com o transporte público, que será um dos desafios do prefeito eleito Eduardo Paes. Ao todo, foram entrevistados 823 usuários e, para a maior parte deles (30%), a rapidez é o mais importante num transporte público. O trabalho foi feito pelo Núcleo de Pesquisas da ESPM Rio, coordenado pelo professor Eugenio Giglio.


Em relação ao grau de satisfação, o metrô recebeu nota 6,2; as barcas, 5,3; e, os trens, 5,2. Os ônibus ficaram na lanterna, com nota 5. Segundo Giglio, na pressa de chegar ao destino, o usuário acaba optando pela van: — A grande preocupação do usuário é a pontualidade. A pesquisa não distingue se ele usa o serviço legal ou não. Mas a verdade é que, muitas vezes, ele abre mão da segurança para ganhar agilidade.


O item segurança foi escolhido como o mais importante por 14% dos entrevistados, ficando atrás de conforto (21%), mas ganhando de comodidade (10%). Para a doméstica Ana Lúcia da Silva, gastar uma hora a menos entre o Centro do Rio, onde trabalha, e São Gonçalo, onde mora, pesa na decisão de usar as vans em vez de ônibus.


— Quando ela sai lotada do ponto, não pára mais para pegar passageiro. O ônibus, mesmo cheio, pára muito.


A estudante de biomedicina Kethelin Lagni diz que, às vezes, as vans correm mais que o permitido: — Fico com medo, mas vou mesmo assim.


De acordo com o engenheiro de transportes Giovani Manso, da Escola Politécnica da UFRJ, duas das principais razões para que as vans fossem mais bem avaliadas podem ter sido justamente a rapidez e a capacidade desse tipo de transporte de se adaptar às demandas que surgem.


De forma mais geral, porém, ele diz que o resultado reflete a necessidade de um redesenho do sistema de transportes do Rio. Manso defende soluções como a implantação de corredores exclusivos para os ônibus. Mas ressalva que uma remodelagem inadequada poderia piorar o trânsito: — As vans não devem fazer os mesmos trajetos que os coletivos. Devem atuar nas pontas do transporte público, de forma complementar. Se não for assim e os ônibus não forem atraentes para as pessoas deixarem o carro em casa, provavelmente haverá mais congestionamentos.


Sistema deverá ser reformulado


Já para o engenheiro de transportes Paulo Cezar Ribrito, da Coppe/ UFRJ, a própria falta de regulamentação de algumas linhas de vans facilita sua maior mobilidade: — As vans conseguem ter trajetos mais variados e são mais rápidas.


Mesmo legalizados, os motoristas de vans não deixam de cometer irregularidades, cuja fiscalização cabe ao Departamento de Transportes Rodoviários (Detro). Na prática, porém, eles parecem não ter medo da fiscalização.


Na última sexta-feira, por volta das 12h30m, por exemplo, repórteres do GLOBO flagraram pelo menos quatro vans legalizadas paradas irregularmente na Avenida Presidente Vargas, próximo ao número 522, disputando passageiros com os ônibus. O problema ocorre em toda a via.


Apesar da concorrência, os ônibus foram indicados como o transporte mais utilizado (70% dos entrevistados). Em segundo, está o metrô, com 12%; barcas e vans tiveram 7%; e os trens, 4%. Por não conhecer a proporcionalidade da pesquisa (ou seja, quanto os usuários representam em relação ao número total de passageiros de cada modalidade), o secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, diz ser difícil comentar os resultados.


Segundo ele, os ônibus são responsáveis por 74% do transporte coletivo na Região Metropolitana. — Como atinge uma larga escala, a rejeição em relação aos ônibus é proporcionalmente maior — disse Lopes, que entende a preferência pelas vans. — Elas são mais rápidas, até por causa da falta de regras.


Segundo o secretário, em parceria com Eduardo Paes, será possível melhorar o sistema de transporte na cidade. Lopes explica que, atualmente, existe um programa, o Motorista Cidadão, em parceria com a Fetranspor, para treinar melhor os motoristas de ônibus. A Barcas S/A também está qualificando seus profissionais, juntamente com a Capitania dos Portos. Além disso, Lopes disse que o estado quer investir em programas para incentivar o uso do transporte coletivo: — Precisamos pensar na coletividade. Não é à toa que algumas grandes cidades do mundo restringem a circulação de carros nas áreas centrais.


Ônibus são motivo de 40 queixas por dia


A insatisfação da população com os ônibus pode ser medida pelas cerca de 40 reclamações diárias recebidas pela Ouvidoria da Secretaria municipal de Transportes contra o serviço. O desrespeito às paradas encabeça o ranking de queixas.


E muitas vezes os passageiros ainda têm que se arriscar em veículos velhos, como revelam as mais de cinco mil denúncias que chegaram ao Detro de janeiro a outubro, sobre mau estado dos veículos e descumprimento de horários.


Mas as queixas também atingem as barcas, o metrô e os trens: os usuários reclamam de filas e superlotação.


A promessa do prefeito eleito Eduardo Paes é regulamentar o serviço das vans e apertar a fiscalização.


Objetivos confirmados pelo futuro secretário municipal da Ordem Pública, Rodrigo Bethlem. Ele diz que a prefeitura também vai atuar no combate ao transporte ilegal, além de regularizar os pontos de parada e a quantidade de vans que poderão circular. Bethlem faz sua avaliação do resultado da pesquisa da ESPM.


— As vans estão mais próximas das pessoas, com trajetos menores e menos paradas. Elas são importantes para o sistema de transporte da cidade para complementar as outras modalidades — diz o futuro secretário.

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Fonte: O Globo

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