Após cancelar o reajuste de 12% já firmado com coreanos e japoneses, a Vale diz que a falta de demanda faz com que não tenha data para pensar em elevar os preços do minério. No entanto, descarta novos ajustes de produção, depois do corte de 10% na semana passada.
O presidente da mineradora, Roger Agnelli, disse que vai oferecer ajuda ao seu maior cliente: a ArcelorMittal, que anunciou recentemente corte de 30% em sua produção. Ele disse haver a possibilidade de o contrato atual não ser honrado. O presidente da Vale afirmou que vai procurar o CEO da ArcelorMittal, Lakshmi Mittal. “Se a gente puder apoiar de alguma forma, ajudá-los de alguma forma, o interesse da Vale é ajudar”, afirmou Agnelli a jornalistas, após participação em evento de moda patrocinado pela companhia, no Rio de Janeiro.
Agnelli afirmou não saber se existe a possibilidade de não haver aumento de preços no próximo ano. Mas frisou que, atualmente, “preço não é nada”. Ele disse que, hoje, se o preço for reduzido, a vendas não aumentarão sequer em uma tonelada. “O problema não é preço, o problema é demanda.”
Agnelli afirmou que, hoje, não há condições de negociar nada, porque no mundo inteiro a depressão é grande. “Acho que o consumo de prozac deve estar aumentando, porque está todo mundo deprimido. No Brasil a gente está bem, comparado a outros países do mundo”, disse.
A Vale vai aproveitar a redução das vendas para fazer estoques. Agnelli explicou que trabalhava há cinco anos sem um estoque, mas isso traz ineficiências logísticas. Ele disse que a situação anterior, de superaquecimento das economias, não era sustentável. Assim como a paralisia atual também não o é. Por isso continua produzindo, mas para estocar.
Rating – Apesar da perspectiva de redução das vendas no quarto trimestre e da falta de expectativa para o reajuste de preços, Agnelli espera conseguir melhorar a classificação de risco da Vale pelas agências de rating.
Durante sua visita a Nova York, no início da semana, para participar do pregão da Bolsa de Nova York, o presidente da mineradora aproveitou para procurar todas as agências de rating e pedir a melhora da classificação. Ele disse que as agências “dão aquela resposta do sorrisinho”, mas afirmou que precisa se impor, porque há empresas no mundo em situação pior do que a Vale com um rating melhor.
“Enquanto eu não colocar a Vale como uma empresa triple A, para efeito de agência de rating, eu não vou descansar. A gente merece”, disse Agnelli.
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