Embora o cenário seja de crise, empresários do setor ferroviário são unânimes ao dizer que o momento não afetará os investimentos previstos para o mercado de trens dentro do cronograma do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
De acordo com Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), o impacto da crise neste último trimestre foi uma “pisada no freio”, algo significativo, mas não assustador.
“Não acredito que a crise venha atrapalhar os investimentos do PAC, pois este programa já está bem estruturado, as obras estão em andamento. A crise pode levar a uma desaceleração, mas não impactará fortemente”, ressalta Vilaça.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Já para Vicente Abate, diretor do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamento Ferroviários e Rodoviários), a crise tanto não atrapalhará como auxiliará no aumento do número de vagões.
“Devido a expansão da malha ferroviária, temos a projeção de alguns pedidos de vagões. O resultado será positivo, mas a médio ou longo prazo”.
Resultados
O Simefre anuncia que o setor metroferroviário encerrará este ano com um faturamento de R$ 2,6 bilhões, o que significa um valor 30% superior ao registrado no ano passado.
Segundo o sindicato, de janeiro a outubro deste ano, as empresas fabricaram cinco mil vagões de cargas, 451 trens para o segmento de passageiros e 30 locomotivas leves. No ano passado foram 1.165, 336 e 30 unidades, respectivamente.
“Para nossa surpresa, 2008 foi muito melhor que o ano passado. Esperávamos algo próximo a quatro mil vagões, mas vamos fechar o ano com cinco mil unidades”, destaca Abate, sobre o segmento de cargas.
Porém, nem todos estão contentes com o resultado. Para Luiz Fernando Ferrari, vice-presidente da entidade, “o ano poderia ter sido muito melhor se o governo tivesse optado por empresas brasileiras para a aquisição de carros de passageiros para a linha 4 do metrô de São Paulo”, que deverá iniciar as operações em fevereiro de 2010.
Previsões
Embora o setor comemore os resultados obtidos neste ano, os executivos apontam que 2009 será um ano difícil. Segundo José Antonio Fernandes Martins, presidente do Simefre, “fazer qualquer previsão no cenário atual é muito difícil”.
Segundo a entidade, não há previsões de produção ou vendas para o próximo ano. Porém, espera-se que em 2009 os números fiquem próximos aos atingidos neste ano. “As empresas terão a demanda reduzida, se tornarão menores, mas não desaparecerão”, aponta Martins.
Seja o primeiro a comentar