A apresentação da proposta para implantação do Metrô Leve pelo presidente da CPTM, Sérgio Avelleda, reuniu dezenas de representantes da sociedade civil mogiana que lotaram o auditório do Ciarte, no centro de Mogi das Cruzes, na noite da segunda-feira (26). Também compareceram ao evento o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, o prefeito de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli, vereadores e prefeitos da Região do Alto Tietê.
O principal objetivo do encontro foi esclarecer à população detalhes do projeto. Segundo a CPTM, da maneira que opera hoje, a ferrovia tornou-se um elemento de segregação, sendo um dos principais entraves ao desenvolvimento de Mogi das Cruzes. Além de eliminar a barreira física na cidade, o Metrô Leve deve atender a todas as características de um transporte de qualidade, uma antiga reivindicação dos mogianos.
“O Metrô Leve é um metrô, um sistema de transporte sobre trilhos. Nossa proposta incorpora o que tem de mais moderno, mais avançado em termos de tecnologia, de sinalização, eletricidade, conforto e ainda resolve o problema da cicatriz urbana de Mogi”, garantiu o presidente da CPTM.
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A proposta inicial para implantação do Metrô Leve até 2010 engloba 13,8 km de extensão, entre as estações Suzano e Estudantes, com 11 paradas (contra quatro atuais), 14 trens modernos (com ar-condicionado, bancos anatômicos e acessibilidade), permitindo transportar 4.900 passageiros por hora e por sentido, em intervalos de 5 minutos. Até 2014, a frota pode ser ampliada para 22 trens, que permitirão carregar 7.500 passageiros por hora e por sentido, em intervalos de 3 minutos. O projeto já prevê integração com as linhas de ônibus municipais e transferência gratuita para os trens da CPTM, construção de ciclovias e bicicletários, além de acessibilidade total
O sistema que será adotado em Mogi das Cruzes está em fase de modelagem pelos técnicos da CPTM. Ainda serão definidos os prazos de início de obras e forma de implantação (Parceria Público Privada, concessão ou investimento exclusivo pelo Estado).
Questionamento
Por que o Metrô Leve e não a extensão do Expresso Leste até Mogi? Essa foi uma das perguntas mais freqüentes durante a reunião e que recebeu atenção especial do presidente da CPTM, Sérgio Avelleda. Qualquer investimento em transporte é feito em função da necessidade de deslocamento da população, identificada por meio de pesquisas sérias e reconhecidas internacionalmente.
A Pesquisa Origem e Destino 2007 – que desde 1967 orienta todo o planejamento de transporte da Região Metropolitana – apontou que quase 90% do destino de viagem dos moradores de Mogi das Cruzes está na própria cidade. “Mogi não é cidade-dormitório, como muitos acreditam. A maioria mora, trabalha e estuda na cidade, que produz riqueza e tem uma intensa atividade econômica”, ressaltou Avelleda.
Pouco mais de 5% dos mogianos viajam a São Paulo, o que já seria motivo suficiente para inviabilizar a extensão do Expresso Leste até Mogi das Cruzes. Além disso, a implantação desse sistema obrigaria a cidade a fechar todas suas passagens de nível e construir viadutos e passagens subterrâneas em diversos pontos, particularmente nas áreas centrais, agravando ainda mais a situação.
A presença da linha da CPTM na região central de Mogi cria uma série de problemas: interrupção da circulação na cidade, seccionamento e segregação dos espaços, conflitos nas passagens de nível, impacto visual negativo e excesso de ruído. Avelleda lembrou que os serviços prestados pela companhia na região também estão longe do ideal, mas destacou as melhorias que já estão sendo feitas imediatamente, como a modernização dos trens.
Além de Mogi das Cruzes, o Metrô Leve será implantado na Baixada Santista (SIM da Baixada) e entre a Estação São Judas do Metrô e o aeroporto de Congonhas. Os projetos fazem parte do Plano de Expansão do Transporte Metropolitano, cujos investimentos somam R$ 20 bilhões até 2010, o maior já realizado no setor.
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