Na tarde de ontem, oito empresas interessadas em participar da concorrência para a elaboração do Projeto Executivo de Engenharia para a Implantação do trecho Ferroviário Imbituba/Araquari, conhecido como Ferrovia Litorânea, foram habilitadas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), em Brasília. Esse foi o primeiro passo concreto para que o projeto saia do papel depois de alguns anos sendo discutido.
Na próxima quarta-feira encerra o prazo para que as empresas apresentem contestação na Justiça. Não havendo, a Comissão de Licitação do DNIT realizará a abertura dos envelopes com as propostas, que tem prazo de validade de 60 dias. A empresa que apresentar o menor preço será vencedora e irá elaborar o projeto executivo da ampliação de 235,6 quilômetros da malha, que ligará os portos de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul. O projeto executivo está orçado em R$ 14,7 milhões.
Para o deputado federal Edson Bez de Oliveira, responsável pela inclusão do projeto no Plano Nacional de Viação, o lançamento do edital de licitação é uma vitória para Santa Catarina. Isso porque o processo da Ferrovia se arrastava por mais de quatro anos, e vinha sendo protelado devido à troca de ministros e problemas burocráticos envolvendo o DNIT. “O lançamento desse edital foi adiado duas vezes”, afirma. Segundo ele, o Sul do Estado tem um potencial econômico grande, mas ainda carece de melhorias na infraestrutura para conseguir desenvolvê-lo. “O Brasil e o mundo não conhecem a nossa região. A Ferrovia Litorânea será muito importante para o desenvolvimento da região, assim como a duplicação da BR-101 e a construção do aeroporto regional”.
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Incentivo ao desenvolvimento do Sul catarinense
Segundo o deputado federal Jorge Boeira, a obra, cujo investimento total está previsto para ser de R$ 954 milhões, incentivará o desenvolvimento do Estado e em especial, do Sul catarinense. “Essa obra é importante e fundamental. Vai contribuir diretamente no escoamento de toda a produção das indústrias do sul. Vai interligar os três portos de SC, facilitar na logística e agilizar procedimentos”, afirma Boeira.
Guido Búrigo, vice-presidente regional Sul da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), afirma que a Ferrovia Litorânea será importante para melhorar o escoamento da produção em uma região carente de infraestrutura. “Ela permitirá que os produtos sejam escoados com um custo de logística mais baixo que o do transporte rodoviário, além de reduzir o volume de produtos escoados por esse modal”, afirma Búrigo.
Saiba mais
Lote 1
Inicia-se à cerca de 1,6 quilômetro ao Sul do Trevo da BR-101 que dá acesso a Imbituba e estende-se até à margem direita do Rio Tijucas, totalizando aproximadamente 120,6 quilômetros. Neste lote estão incluídos os estudos operacionais de todo o trecho ferroviário em questão (235,6 quilômetros). Valor: R$ 7,8 milhões.
Lote 2
Inicia-se na margem direita do Rio Tijucas e estende-se até a junção com a linha férrea da América Latina Logística (ALL) que liga Mafra ao porto de São Francisco nas imediações da localidade denominada Areias Brancas, totalizando aproximadamente 115 quilômetros. Neste lote estão incluídos os estudos de viabilidade técnica e econômica de todo o trecho ferroviário em questão. Valor: R$ 6,8 milhões.
“Caixa preta” nas locomotivas da Tereza Cristina
Ainda nesse mês, mais duas locomotivas da Ferrovia Tereza Cristina receberão computadores de bordo, aparelhos que servem como uma “caixa preta” para armazenagem de dados relativos às operações realizadas. O equipamento localizado acima do acento do maquinista, demonstra, segundo a segundo, informações como a velocidade da locomotiva, distância percorrida, localização na via, acionamento de sirene e o combustível gasto.
O primeiro modelo tratava-se de um tacógrafo, que informava apenas a velocidade. A partir disso outro protótipo foi criado até chegar a versão atual, que em um ano deve ser modificada para que o próprio computador de bordo indique ao maquinista qual a melhor operação a ser feita em determinado trecho.
Computador de bordo mais barato
O modelo final foi instalado em outubro do ano passado em uma das locomotivas e a intenção é que em breve, o equipamento esteja em todos os 12 trens. Segundo Ederson de Souza, gerente de Tecnologia de Informação da FTC, o aparelho foi desenvolvido em parceria com a empresa gaúcha Sulcom. Ele explica que o computador de bordo fabricado pela Sulcom e FTC é similar aos existentes no mercado, mas possui uma diferença grande de preço: custa cerca de quatro vezes menos que os usados pela Vale do Rio Doce, por exemplo. Segundo ele, como as locomotivas têm mais tempo de uso, a aparelhagem foi desenvolvida para atender as necessidades da FTC.
Souza diz que ainda não há como mensurar ao certo a economia de combustível que o computador de bordo está possibilitando, pois foi instalado em apenas uma das locomotivas até agora, mas já foi possível observar que menos combustível foi gasto e houve menos desgaste em certos componentes. Para ele, o monitoramento ajudará a levantar possíveis falhas e trabalhar os pontos que devem ser melhorados, inclusive por meio de treinamento de pessoal.
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