Oito meses depois de receber com festa e pompa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas instalações, A GE Transportation, unidade brasileira da General Eletric, localizada em Contagem e especializada na fabricação de locomotivas de pequeno e grande porte, já mostra os primeiros impactos da crise mundial no transporte ferroviário. Com a demanda desaquecida por parte de grandes clientes, como a MRS Logística, que tem gigantes como Vale e Usiminas em seu controle, a empresa iniciou, na sexta-feira, processo de demissão em massa nos setores operacional, administrativo e fabril. Cerca de 75 funcionários foram surpreendidos com a carta de dispensa quando iniciavam o primeiro turno de trabalho. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região, a empresa mantinha um quadro de aproximadamente 650 postos de trabalho. As demissões representam mais de 10% do efetivo.
A dispensa ocorreu oito dias depois do vencimento da estabilidade, definida em convenção trabalhista. “Ficamos assustados, porque, depois da visita do presidente Lula, a expectativa era de crescimento da atividade. Algumas semanas antes, o chefe do meu setor havia comunicado que o ritmo este ano seria semelhante ao do ano passado”, comenta um ex-funcionário da área de soldagem, que prefere não se identificar. A redução de ritmo na empresa chegou em cadeia. O maior crescimento da atividade deveria ser puxado pelo aumento das exportações de produtos agrícolas e minérios. No entanto, o desaquecimento global, impulsionado pela crise financeira mundial, impactou diretamente os serviços de grandes corporações.
“O maior volume de atividade da GE Transportation vem das reformas, manutenção, revisão geral e trabalhos com motores de locomotivas. A MRS seguramente é responsável por, pelo menos, 60% do volume destes serviços. Como a empresa não está puxando minério, as máquinas ficam no pátio e, portanto, sem necessidade de manutenção”, diz outro ex-funcionário , que também prefere não se identificar.
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