Uma coisa é uma coisa…

Wagner Colombini, presidente da Logit Engenharia Consultiva

Tenho visto manifestações de que o projeto atual do Metrô Rio de ligação das Linhas 1 e 2 dificulta, e até mesmo inviabiliza uma eventual implantação da ligação Estácio/Carioca. Considerando que todos os documentos relativos ao projeto são públicos, bastaria uma consulta mais interessada, ou mesmo uma maior atenção na divulgação nos dados divulgados para perceber que essa afirmativa não corresponde à realidade.

Na verdade o projeto atual resolve todos os pontos criticados em estudos anteriores sobre o tema, uma vez que, nesses estudos não se cogitava na construção de novas vias, na implantação de sistemas de sinalização e controle de tráfego, e nem mesmo na ampliação da frota. Todas aquelas críticas – pertinentes – foram levadas em conta no projeto atual que atende a todos os requisitos técnicos para operar, com segurança e eficácia, a nova configuração do sistema.

Poderia parecer desnecessário lembrar os itens incorporados ao projeto atual, contudo, o desconhecimento, que gera tanta apreensão, até mesmo em técnicos com expertise no tema, nos leva a crer que cabe uma apresentação dos principais itens do projeto, em si, como também de sua relação com uma possível extensão da Linha 2 até Carioca, ou Niterói, em algum momento pretendido e recomendado uma vez que, assim, estaria garantida a demanda em ambos os fluxos, e seria otimizado o investimento.

O projeto em implantação, especificamente em relação à operação integrada das duas linhas, prevê itens que garantem a segurança e a eficácia da operação, conforme abaixo apresentado:

– os trilhos para circulação de trens de Pavuna até São Cristóvão serão os mesmos atualmente utilizados, que passarão a contar com novo sistema de sinalização e controle de tráfego;

– a circulação de São Cristóvão até Estácio e as regiões de manobra de Estácio e São Cristóvão serão preservadas;

– todos os trens da frota das Linhas 1 e 2  poderão ser intercambiáveis em função de contarem com os dois sistemas de controle de condução;

– o estacionamento de trens será ampliado para atender à nova frota;

– a sinalização nos terminais e na estação Botafogo será refeita de maneira a permitir os intervalos planejados;

– o Centro de Controle será remodelado, passando a contar com sistema especialmente desenhado para o controle da nova configuração das linhas, incluindo o trecho São Cristóvão/Estácio.

Caso o governo considere oportuno implantar a ligação Estácio – Carioca, esta ligação teria funcionamento em “Y”, nos mesmos moldes adotados pelo projeto apresentado, com parte dos trens percorrendo o trecho Pavuna/Botafogo e novos trens, de até 8 carros, circulando entre Pavuna e Carioca, com manobra na estação São Cristóvão.

Com essa perspectiva e considerando as demais intervenções previstas, que incluem novo layout dos trens, a expansão do sistema, de maneira racional e gradativa, pode chegar a até 86 mil lugares por hora/sentido na Linha 2, região de maior demanda.

Cenários de expansão:

Os intervalos podem chegar a até 1,5 minutos nos trechos de maior ocupação – Central- Botafogo, e na própria Linha 2, na hipótese de construção da ligação Estácio-Carioca e chegar até Niterói.

O projeto “Metrô Século XXI” não esgota o tema relativo à expansão do sistema Metroviário no Rio de Janeiro, sequer com relação à área de influência do sistema atual. Éum projeto oportuno, sustentável em termos financeiros e não se contrapõe a qualquer outra iniciativa que o Estado em termos de crescimento da rede.