A engenharia financeira para financiar a construção e recuperação da Ferrovia Transnordestina está sendo questionada pelo Sindicato dos Ferroviários do Nordeste em Pernambuco (Sindfer-PE), o Centro de Estudos Nordestinos (Cenor) e o Clube de Engenharia de Pernambuco. Na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Salgueiro para assinar a ordem de serviço para o início a construção do trecho Salgueiro-Trindade.
Luis Cláudio Gomes Barbosa, presidente do Sindfer-PE, diz que a entidade entende ser injusta a alteração de recursos da engenharia financeira da obra e questiona a legitimidade da transferência de recurso públicos para o setor privado. “Em tese, a obra está sendo construída pelo setor público, mas na prática não funciona dessa forma”. Pela engenharia montada, A União vai aportar diretamente R$ 164,6 milhões. Outros R$ 3,49 bilhões serão financiados através de fundos da Sudene. Recursos própriosda CSN serão de apenas R$ 681,6 milhões. A Transnordestina Logística, atinga Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), detém a concessão da ferrovia.
“A Transnordestina Logística continua demitindo funcionários”, afirma Barbosa. Para o sindicato, a empresa usa o momento de crise para utilizar dinheiro público e justificar as supostas demissões, que no momento já chegariam a 70% dos antigos funcionários.
Outro ponto questionado pelo sindicato diz respeito ao trecho da ferrovia que liga o Cabo de Santo Agostinho a Porto Real do Colégio (AL), a antiga Linha Sul da Malha Nordeste, destruída pelas enchentes em 2000. A alegação é de que a recuperação do trecho já existente não devia estar inclusa no orçamento da engenharia financeira.
De acordo com Barbosa, a recuperação da Linha Sul da Malha Nordeste é uma obrigação da concessionária. “Entendemos a importância estruturadora da obra, mas não há transparência nos valores e nos modelos de prática para receber recursos públicos sem seguir as orientações do Ministériodo trabalho”, diz.
O Centro de Estudos Nordestinos (Cenor) e o Clube de Engenharia de Pernambuco estão encaminhando uma denúncia ao Ministério Público contra a Transnordestina Logística S.A.,por classificar como “irresponsável a manobra na aplicação dos recursos de ampliação da ferrovia”. A denúncia também está sendo apresentada à Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e à Associação Comercial de Pernambuco. Os órgãos alegam que a empresa não vem cumprindo com as metas contratuais e não consegue melhorar os índices de eficiência da ferrovia.
Procurada pela reportagem do Diario, a Transnordestina Logística S.A. informou, através de sua assessoria de imprensa, que não se pronuncia sobre as acusações.
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