O governo federal analisa a criação de uma empresa de planejamento logístico, integrada com o setor privado e com universidades, que poderá ser de capital federal ou misto para intervir num processo de transferência de tecnologia de conhecimento operacional e construtivo para viabilizar o trem de alta velocidade (TAV), estruturando uma relação logística com aeroportos, rodovias e com as diferentes cidades. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o seu ministério deverá discutir com o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT), questões pontuais para viabilizar a construção do TAV e a expansão do aeroporto de Viracopos.
O prefeito de Campinas apresentou ao presidente Lula, durante audiência no Palácio do Planalto no dia 29 de dezembro do ano passado, um estudo, encomendado pela administração e realizado pelo escritório de arquitetura Jaime Lerner, no qual são identificados pontos ociosos no centro de Campinas que podem ser utilizados no desenvolvimento de projetos de revitalização através da construção de empreendimentos imobiliários comerciais e urbanos que possam vir a oferecer sustentação econômica para a implantação do TAV.
O governo brasileiro ainda não fechou a modelagem econômico-financeira nem a avaliação de custos do TAV que estão sendo avaliados pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) devido à complexidade do projeto.
Dilma Rousseff não acredita em atraso no cronograma, devendo o TAV ser construído e estar em operação até 2014, pois, segundo ela, a obra pode começar em vários trechos simultaneamente, diferentemente do que ocorreria se se começasse a obra em um ponto para depois seguir-se rumo a um outro, o que aumentaria o tempo de duração da obra. “É uma obra complexa porque na nossa concepção de trem de alta velocidade nós estamos estruturando uma relação logística com aeroportos, com rodovias e com as diferentes cidades. Há toda uma questão relativa à repercussão do trem no espaço urbano e há também uma questão de transferência de tecnologia, pois consideramos que esse TAV pode também significar a introdução no Brasil de um novo modal, que é este modal de transporte de passageiros entre regiões metropolitanas, modificando a formatação de regiões metropolitanas no Brasil.”
A ministra disse que ao se pensar no TAV é o momento de se pensar também na relação de vários modais de transporte, como ferrovias, rodovias, integração com hidrovias e sistema portuário. O TAV está orçado em US$ 11 bilhões e o processo de licitação para de construção vai levar em conta transferência de tecnologia, capacidade de financiamento internacional e o aporte financeiro do governo brasileiro no projeto através do custo de tarifa.
O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, disse que ficou claro, na audiência que teve com o presidente Lula, que os projetos de implantação do TAV e de ampliação do aeroporto internacional de Viracopos são estratégicos para o governo federal e que a discussão é sobre como vão se dar os projetos e os programas para dar sustentação ao trem de alta velocidade. Hélio disse que apresentou ao presidente Lula a sugestão de se criar uma companhia de natureza mista para com esse dinheiro se possam potencializar os investidores internacionais.
“Se nós iniciarmos adquirindo a transferência de tecnologia por um valor em torno de 30% a 35% do valor global do TAV, certamente esse percentual de transferência de tecnologia ao investidor internacional é mais um fator de atração de investimento, e Campinas tem essa moeda de troca, que se chama potencial construtivo. Nós temos mais de 21 milhões de metros quadrados de potencial construtivo.”
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