Por iniciativa de lideranças políticas do Vale do Ribeira à frente o prefeito de Cajati, Luiz Koga, e o deputado estadual Samuel Moreira, ambos do PSDB , ganha corpo o movimento em favor da reativação do antigo ramal ferroviário entre Cajati e Santos. A linha, originalmente da Estrada de Ferro Sorocabana e a seguir da Fepasa, estatais, seria agora operada pela ALL – América Latina Logística, empresa privada que serve ao Porto de Santos e tem presença em vastas regiões do País e em países vizinhos. Voltando os trens a circular, eles transportariam a produção de minérios de Cajati, hoje explorada por grandes companhias como Bunge, Compor e Fosbrasil, além de areia de Registro, em volumes que, segundo os articuladores do projeto, garantiriam plenamente a sua viabilidade econômica. É sob essa ótica que o assunto está sendo examinado, pois a recuperação da estrada vai exigir altos investimentos da ALL, já que as instalações e equipamentos atuais estão totalmente sucateados, e seria necessário substituí-los por completo. Mesmo assim, a primeira avaliação é de que o esforço será compensado. Afinal, a previsão é de transporte de 2,6 milhões de toneladas de cargas por ano, número que certamente tende a aumentar, depois que a atual crise passar e a economia do País retomar seu crescimento com a força anterior.
O funcionamento da ferrovia trará vantagens não apenas para as empresas daquela região, que, com fretes mais baratos, verão seus produtos se tornar mais competitivos. Ele será igualmente da maior importância para dinamizar a economia do Vale do Ribeira, estimulando, pela facilidade de transporte de cargas, a abertura de novos negócios em todos os seus municípios cortados pela linha, desde Cajati, perto da fronteira com o Paraná, até Itarari, já a caminho do Litoral Sul paulista. Não é só, porém. Se os trens derem conta do transporte da produção mineral do Ribeira para São Paulo e o Porto de Santos, isto significará 70 mil carretas a menos, anualmente ou 200 a cada dia, em média , nas rodovias Régis Bittentourt e Padre Manuel da Nóbrega. Quem conhece o trânsito perigoso dessas estradas movimentadas, sabe muito bem o tamanho do alívio que ocorrerá.
O restabelecimento do ramal ferroviário Santos-Cajati não é todavia um assunto restrito à esfera empresarial. Ele deve fazer parte da estrutura geral de transportes do Estado e da União e, por isso, a participação de um e de outro nas análises do tema e na tomada das decisões a respeito é obrigatória e indispensável. E será preciso, ainda, uma intensa mobilização política dos deputados e senadores de São Paulo em defesa da proposta das autoridades regionais. Havendo um esquema assim, amplo e determinado, a ideia terá mais chances de prosperar, com ganhos para todas as partes envolvidas.
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