O Expresso Tiradentes, ex-Fura-Fila, ganhará nova roupagem, a de metrô de superfície com pneus (VLP) – que correm dentro de trilhos -, e será movido a energia elétrica, em via elevada. Também terá verba do Estado, que passará a administrar o ramal de 22,3 quilômetros, entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes, com a contribuição de R$ 1 bilhão do Município, prometida pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) inicialmente para o sistema metroviário tradicional.
A mudança foi anunciada ontem pelo governador José Serra (PSDB) e pelo prefeito. A nova linha, de R$ 2,3 bilhões, será construída em duas etapas. A primeira tem previsão de entrega para 2010. Ligará a Vila Prudente a São Mateus. Já a etapa entre São Mateus e Cidade Tiradentes deverá entrar em operação em 2012. Haverá uma interligação entre o Expresso e o metrô, na Vila Prudente, na futura estação da Linha 2-Verde.
O traçado final do que está sendo chamado de Metrô Leve Expresso Tiradentes não está definido. Deverá ser apresentado pela Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos em maio, quando será assinado o convênio entre Município e Estado. “Será feita uma grande festa em Cidade Tiradentes para anunciar o projeto”, prevê Kassab. O governador disse que a proposta ajudará a reduzir os congestionamentos e facilitará o transporte de passageiros da zona leste ao centro.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, o custo do projeto inicial do Expresso ficava entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões. Já o metrô leve custará R$ 2,3 bilhões, enquanto o metrô por subsolo no mesmo trecho custaria de R$ 1,7 bilhão a R$ 4 bilhões, sem contar desapropriações.
Segundo Kassab, a modificação foi decidida para otimizar a aplicação de recursos públicos. Entre Vila Prudente e Oratório, a linha do metrô e o Expresso seriam coincidentes por 2,1 quilômetros e custariam juntos R$ 3 bilhões. A instalação do ramal Oratório da Companhia do Metropolitano implicaria grandes desapropriações na Avenida Luiz Inácio de Anhaia Melo, que também perderia 8 metros de largura até São Mateus.
“Para se ter uma ideia, o Metrô de Ipiranga a Vila Prudente custa R$ 2 bilhões. Por R$ 2,3 bilhões, vamos fazer 22,3 km de Metrô Leve. É um projeto econômico. Combina esforços da Prefeitura e do Estado e é muito importante para a zona leste”, justifica Serra. Também é considerada a possibilidade de entrega das obras em tempo menor, previsões menores de gastos com manutenção e consumo de energia elétrica.
VLP chegará ao centro em 50 minutos
O preço da passagem do futuro Metrô Leve Expresso Tiradentes será o mesmo cobrado pelo Metrô: R$ 2,55. A projeção do sistema – que terá 22,3 quilômetros de extensão, entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes, na zona leste – é de diminuir em 58,4% o tempo de viagem do cidadão que sai do extremo leste da cidade e vai até a região central da capital, passando das atuais duas horas para 50 minutos. A velocidade do novo trem ficará entre 35 km/h e 40 km/h.
Quem subir no metrô leve em Cidade Tiradentes deverá fazer baldeação na futura Estação Vila Prudente da Linha 2-Verde do Metrô. De acordo com o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, não será necessário pagar outra passagem. O trecho entre Parque D. Pedro e Sacomã e até o terminal rodoviário da Vila Prudente continuará com os ônibus em operação.
Deverão ser construídas 22 estações no novo percurso. Na primeira fase, entre Vila Prudente e São Mateus, que deverá entrar em operação em 2010, haverá 13 paradas em 12,8 quilômetros, e uma previsão de atender 300 mil pessoas por dia.
Já a segunda etapa, com previsão de conclusão em 2012, deverá atender 150 mil pessoas por dia. Serão 9,5 quilômetros de extensão e nove estações. No total, a demanda total será de 450 mil passageiros/dia. Se fosse mantido o sistema antigo, com os ônibus, alega Moraes, seriam atendidos 240 mil passageiros/dia.
Estima-se que 59 composições, com capacidade para transportar mil passageiros cada uma, sejam compradas para o novo ramal. O projeto propõe plataformas de 90 metros em cada uma das estações.
De acordo com o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, não serão necessárias desapropriações ao longo do percurso e as avenidas por onde passará o elevado não perderão faixas de rolamento.
Os pilares do sistema aéreo utilizarão cerca de 1,5 metro de largura da via. Pelo projeto enterrado ontem, seriam utilizados 8 metros de largura total da Avenida Luiz Inácio de Anhaia Melo. No solo, haveria passagem por cerca de 70 cruzamentos e/ou outras interferências viárias. “O custo vai ser muito menor e vai proporcionar qualidade ao transporte e também à vida dos usuários”, diz Portella.
A verba que seria utilizada no prolongamento do Fura-Fila será redirecionada, afirma Moraes, para a construção do Expresso Celso Garcia,na zona leste, e para outro corredor de ônibus na zona sul da capital.
O projeto Fura-fila, que teve início com Celso Pitta e passou pelas gestões Marta Suplicy e José Serra, está com os dias contados. O objetivo agora é não utilizar mais essa modalidade de transporte. “Eu não tinha como meta concluir o Expresso Cidade Tiradentes, apenas concluir o trecho daquele maldito Fura-Fila”, reclamou Serra, ao se referir à cobrança que recebeu por não ter finalizado as obras do trecho entre Parque D. Pedro e Sacomã. Tal trecho esteve na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), por suspeita de superfaturamento de 145%. A obra custou pelo menos R$ 1,5 bilhão.
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