A Rumo, braço de logística do grupo Cosan, tem um plano ambicioso de se tornar uma das maiores companhias de escoamento de açúcar do Brasil. O grupo está criando uma empresa com infraestrutura integrada, que unirá todos os modais e tem como “benchmark” as operações das mineradoras de ferro do país que unem ferrovia e portos e transporte em grande escala. Com serviço integrado, acredita-se, a empresa vai poder operar com muito mais eficiência.
Criada há um ano e meio, a Rumo Logística S.A. é hoje 100% controlada pelo grupo Cosan, mas sua acionista negocia a entrada em seu capital de investidores focados em infraestrutura, diz ao Valor Marcos Lutz, vice-presidente comercial e de logística da Cosan e presidente da Rumo. O banco Credit Suisse está assessorando a Rumo nesse processo. A empresa poderá ter seu capital aberto no futuro.
“Estamos criando uma empresa para atingir faturamento na casa de US$ 500 milhões”, afirma Lutz. Em 2013, a operadora logística planeja já movimentar 9 milhões de toneladas de açúcar por safra. O país exporta cerca de 20 milhões de toneladas. O objetivo é alcançar 15 milhões de toneladas a partir de 2015, em uma fase mais avançada do projeto. Durante a entressafra, a Rumo deverá escoar também grãos, sobretudo soja, para ter pleno aproveitamento de sua capacidade instalada nos terminais de Santos.
Atualmente, a Rumo desenvolve uma parceira com a concessionária de ferrovias ALL (América Latina Logística), pela qual as duas companhias vão montar uma plataforma férrea de transporte dedicada a açúcar e seus derivados – do interior de São Paulo até o porto de Santos. O projeto, com investimento financeiro todo bancado pela Rumo, está orçado em R$ 1,2 bilhão. A gestão e operação da plataforma ficará por conta da ALL.
O acordo firmado entre as empresas em março tem vigência de 180 dias e sua concretização está na dependência de a Rumo conseguir captar recursos no mercado para garantir a execução do empreendimento. Neste mês, a empresa iniciou o processo de “road shows” (apresentações) a investidores estratégicos no Brasil e exterior – fundos financeiros e de infraestrutura. “Estes últimos buscam projetos com retornos de mais longo prazo”, disse Lutz.
O trecho ferroviário da ALL – na antiga linha da Ferroban – será modernizado e duplicado, e ganhará novos pátios, com investimentos da ordem de R$ 535 milhões. Para a compra de 79 locomotivas e 1.108 vagões estão reservados R$ 435 milhões. O restante se destina à construção de novo terminal em Itirapina e ampliação dos atuais em Santos.
Lutz explica que, no futuro, a ALL pode ampliar sua capacidade de transporte no corredor, para poder atingir a meta de 15 milhões de toneladas. Além disso, ele conta com uma parte de carregamentos que deverão continuar via caminhões até Santos.
Além da infraestrutura no transporte ferroviário, os planos da Rumo incluem terminais no exterior e até afretamento de navios ou montagem de frota própria. Esta etapa deverá fazer parte de uma segunda fase do projeto gigante que está sendo criado para a Rumo, de chegar a operar 15 milhões de toneladas ou mais de açúcar por ano.
O projeto da plataforma férrea da Rumo está na fase de desenvolvimento, unindo a base de captação de cargas que está sendo criada nas principais regiões produtoras de açúcar do país até os terminais de escoamento para o exterior, no porto de Santos. A primeira etapa prevê um novo terminal de captação de açúcar em Itirapira (SP) e ampliação dos dois existentes em Santos (SP).
“Seremos um grande prestador de serviço nesta área, integrado”, comenta Lutz, que levou para a Cosan sua experiência em logística na área de mineração de ferro da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), onde foi responsável pelos negócios de ferrovias (MRS) e portos (Itaguaí). De acordo com ele, o custo de transporte do açúcar por ferrovia “é imbatível”.
Lutz, que tinha o cargo de diretor-executivo na CSN, deixou a siderúrgica em direção à Cosan, no começo de 2007. Sua contratação, por Rubens Ometto, já previa a incumbência de montar uma plataforma integrada de escoamento de açúcar dentro do grupo. Ele está muito otimista com esse projeto: “açúcar está muito ligado ao crescimento populacional; a demanda cresce na média de 2,5% ao ano.”
A Rumo nasceu já incorporando ativos – terminais em Santos – da antiga Cosan Portuária. A capacidade atual, que será ampliada, com pouco investimento, segundo Lutz, pode chegar a 14 milhões de toneladas. Além disso, desde março, controla em 100% a Teaçu Armazéns Gerais, terminal portuário de exportação de açúcar localizado em Santos (SP). Com a aquisição da Nova América, que detinha os 51%, o grupo passa ter infraestrutura portuária completa.
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