Dois temas sensíveis à atualidade estão no curta metragem A Última Estação, produzido e dirigido pelo produtor e diretor de Campinas, Marcos Craveiro: o abandono das ferrovias e o fim dos cinemas de bairro. A produção foi filmada durante o mês de abril na Estação Anhumas e no Cine Paradiso, que são, fora da ficção, dois retratos da luta e das dificuldades em se manter um patrimônio cultural. Se selecionado, o filme deve estrear no segundo Festival de Cinema de Paulínia, em julho.
A Última Estação une os dois temas na figura do jovem Pedro (Sidney Laranjeira), que tenta registrar a memória do avô, um ex-ferroviário, e escolhe fazê-lo através de um filme (veja trailer abaixo). Com a ajuda do amigo Gustavo (Ricardo Rosa), sai à luta e, num golpe do destino, cruza o caminho de um gerente de cinema que está a procura de um projecionista e às voltas com baixo público e o risco de fechar a sala. O gerente de cinema é vivido pelo ator e diretor Hélcio Henriques, idealizador e mantenedor do Cine Paradiso na vida real e também apaixonado por trens.
A idéia era fazer um documentário e acabou virando um drama, um docudrama, conta Craveiro, que começou a burilar a ideia ainda no ano passado durante o Festival de Cinema de Paulínia, no qual concorreu com João da Mata, documentário sobre o primeiro longa metragem com som rodado no país – em Campinas.
Craveiro conta ainda que tiveram o apoio da Associação Brasileira de Preservação de Ferrovias (ABPF), entidade que recupera locomotivas e vagões e mantém os passeios turísticos da Maria Fumaça entre Campinas e Jaguariúna. A associação abriu as portas da antiga estação e os vagões onde foram rodadas várias cenas. Do filme participa ainda o garoto Caio Fernando, vivendo ele mesmo como guia turístico mirim, o que faz de fato na Anhumas.
Coincidências
Hélcio Henriques, que além de fazer o papel de gerente de cinema assina a assistência de direção do filme, vive na ficção praticamente sua vida de verdade.
Sem conhecer o roteiro antecipamente, diz ele, foi descobrindo que o filme tinha tudo a ver. A minha infância foi a ferrovia; meu avô era ferroviário, sou sócio-contribuinte da ABPF. A ferrovia e o cinema sempre andaram juntos na minha vida. A ferrovia por encanto e o cinema como profissão, conta ele.
Entre paixões e coincidências, tanto na ficção como na vida real, o filme deixa seu recado de urgência em um roteiro enxuto – a produção tem cerca de 15 minutos – e imagens que resgatam memórias coletivas.
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