A África poderá salvar o ano de 2009 da GE Transportation, a divisão da General Electric (GE) para a área de transportes e logística. A divisão latinoamericana, sediada em Contagem (MG), representou no ano passado 7,4% do faturamento da multinacional no subcontinente, ou US$ 620 milhões do total de US$ 8,3 bilhões. Foi cerca de um quinto do faturamento da GE no Brasil, que alcançou US$ 3,3 bilhões em 2008.
O faturamento da divisão vinha subindo no ritmo chinês: em 2004, não havia passado de US$ 200 milhões. Mas está concentrado nas encomendas do setor de mineração e siderúrgico, fortemente deprimido este ano. Contratos de exportação de locomotivas de uso geral para países africanos devem impedir que o faturamento caia.
O primeiro lote de locomotivas a diesel com 2,5 mil HP de potência encomendadas pelo governo da Nigéria devem ser entregues a partir do terceiro trimestre de ano. O diretor da GE Transportation da América Latina, Rafael Santana, evita dar os valores exatos da negociação, mas serão enviadas para a Nigéria 25 locomotivas, cotadas ao redor de US$ 2,8 milhões por unidade. O contrato global deve render à divisão algo como US$ 70 milhões, ou 12% do último faturamento. Sem mencionar países, Santana informa que dois outros contratos com a África estão sendo negociados. A última venda que a GE havia feito para o continente foi em 2007, com o governo da África do Sul, que comprou na ocasião dez locomotivas por um valor aproximado de US$ 30 milhões.
A venda foi feita ao ministério federal dos Transportes da Nigéria, que deu um sinal para o pagamento e efetuará o restante ao longo de 2010. As locomotivas serão usadas para transportes de passageiros – duas serão entregues neste ano e o restante no próximo. A frota ferroviária da Nigéria não é renovada desde 1986. A GE não quis revelar detalhes da operação financeira do negócio.
Segundo Santana, 60% do volume ferroviário no Brasil é concentrado no transporte do minério de ferro e de produtos siderúrgicos, e a estrutura de clientes da divisão da GE segue esta proporção, mas desde 2006 a multinacional investe para tentar diversificar a linha de produção de locomotivas. Não podíamos prever há três anos a crise que passamos agora, mas estava claro que tínhamos que sair de um nicho que está sujeito a grandes variações, afirmou o executivo.
Com isso, Santana explica que a GE começou a abrir espaço em sua produção para locomotivas leves, com potência menor, mais adequadas para outros serviços que não o transporte de minérios. Em 2007 e 2008, o foco estava direcionado às locomotivas pesadas. No ano passado, por exemplo, a empresa ganhou um contrato para fornecer 150 locomotivas para a MRS Logística, que é focada principalmente no transporte de minério de ferro. A direção da GE encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar a produção de máquinas com até 6 mil HPs. Sobre esses negócios, ele limita-se a dizer que os contratos estão sendo honrados.
De acordo com Santana, a crise econômica global está reforçando a tendência de internacionalização da GE, que desde 2006 vende mais no exterior do que nos EUA, país de origem da empresa. O crescimento das vendas na América Latina foi de 27% no ano passado, sendo 45% no Brasil, que pela primeira vez ultrapassou o México em faturamento. Para este ano, a GE ainda trabalha com a perspectiva de elevar as vendas latinoamericanas em 2%. A empresa concentra sua produção no Brasil em produtos de infraestrutura, em energia e transportes. Na divisão presidida por Santana, além das locomotivas, a outra aposta é o fornecimento de motores marítimos usados em perfuração de poços de petróleo em plataformas offshore, um negócio que por enquanto representa 10% do faturamento total.
Capacidade de produção em Contagem crescerá 20%
A divisão Consumer & Industrial da General Eletric, também em Contagem (MG), está sendo ampliada em mais de mil metros quadrados, o que representará um acréscimo de 20% na capacidade produtiva da unidade. Com foco na produção de disjuntores, painéis de distribuição de energia, inversores, entre outros equipamentos, o objetivo da companhia é ter um centro de excelência destes produtos para a América Latina.
Segundo Rodrigo Elias, gerente da unidade, a GE espera crescer ao menos 10% neste segmento em 2009, repetindo a média obtida nos últimos dois anos. De acordo com o executivo, a GE está entre os principais fabricantes destes equipamentos, mas apenas no padrão NEMA, ou modelo americano como é conhecido. Mas com a ampliação, a pretensão é crescer no padrão IEC, também classificado como europeu.
Ambos os modelos são voltados para as áreas industrial, comercial e de construção civil, todas com grande potencial de crescimento na América Latina, afirmou. Do total a ser produzido, cerca de 40% será destinado à exportação. No caso do IEC, conforme informação da GE, o Brasil representa 30% de todo o mercado latino-americano, o maior da região.
Até a conclusão do aumento de capacidade, prevista para ocorrer no fim do ano, a GE continuará importando os modelos IEC de seu portfólio de unidades instaladas na Europa e também da China, este com menor volume, ressaltou o executivo. Para Elias, a unidade deverá alcançar a capacidade plena em cinco anos. Hoje, a área construída da divisão é de aproximadamente 4 mil m².
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