Desde a manhã de ontem um galpão do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC) é o novo abrigo de uma locomotiva Baldwyn 4-6-0, que estava armazenada no pátio da Prefeitura do Campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL) há dez anos. Quatro funcionários de uma empresa terceirizada trabalharam com um guincho por mais de três horas até conseguirem içar a relíquia, que foi levada para um pequeno barracão na parte norte do IBC, no bairro Cervejaria, Zona Leste de Londrina, onde passará por uma reforma.
Fabricada nos Estados Unidos, a locomotiva foi usada na linha ferroviária Douradense e pela Companhia Paulista de Trens e, por mais de três décadas, ficou exposta no Parque da Uva, em Jundiaí, interior paulista, até ser doada pela Rede Ferroviária para o Museu Histórico de Londrina.
”Para comemorar o centenário da locomotiva, fabricada em 1910, vamos realizar esta reforma e depois transferi-la para o Museu Histórico, onde ela será acoplada aos carros de passageiros já expostos no local”, justificou a diretora do Museu Histórico de Londrina, Angelita Marques Visalli. Segundo ela, com o lançamento do projeto de reforma, a UEL, em parceria com a Associação dos Amigos do Museu, espera mobilizar o empresariado londrinense para patrocinar a restauração deste patrimônio histórico.
Conforme o arquiteto Cristian Steagall-Condé, contratado pela universidade para assessorar o projeto, a restauração passará por algumas etapas, entre elas a de levantamento das peças que faltam e garimpo das plantas técnicas. ”É um trabalho que dependerá de pelo menos dez profissionais, entre funileiros, pintores e soldadores, e contará com o conhecimento de um ferroviário aposentado”, citou o arquiteto. A obra deve começar dentro de um mês e pode durar de seis meses a um ano, a um custo de R$ 50 mil a R$ 80 mil.
Segundo Condé, será feita uma reforma apenas cenográfica, diferente do que aconteceu com outras locomotivas de mesmo modelo, que hoje são usadas em passeios turísticos Brasil afora. Para garantir durabilidade ao processo de restauração, a peça será tratada com aplicação de pintura náutica.
Além de uma miniatura da Baldwyn 4-6-0 que servirá de modelo para a restauração, a equipe contará com a memória do ferroviário aposentado Antônio Pinto dos Santos que, aos 73 anos, ainda lembra dos 15 anos em que trabalhou como restaurador de locomotivas para a Rede Ferroviária. ”Tudo vai dar trabalho: raspar, pintar, mas vou estar junto para opinar, já que eles não chegaram a ver a locomotiva funcionando”, prometeu Santos.
Serviço – Interessados em patrocinar a restauração da locomotiva devem entrar em contato com o Museu Histórico de Londrina pelo telefone (43) 3323-0082.
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