Trecho da EFSC será revitalizado

Quando criança, a professora aposentada Zulmira Signorelli morava ao lado da estação da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC), no Bairro Bela Aliança, em Rio do Sul.


Acostumou-se a ouvir o badalar do sino que anunciava o início de cada viagem. Aos 18 anos, foi estudar em Blumenau e usava o trem para visitar a família.


Chegou a fazer todo o percurso da EFSC, do Alto Vale ao Litoral, durante o período em que morou em Itajaí. Filha de ex-ferroviário, Zulmira continuou como passageira quando iniciou o namoro, e não abandonou a locomotiva nem quando casou e teve filhos.


– Minha vida passa pelos trilhos. Os boatos de que o trem seria reativado sempre nos acompanharam. Mas nunca achei que realmente isso fosse possível – contou, emocionada, a aposentada de 70 anos, durante o passeio de trem em Bela Aliança, no dia 19 de abril.
O apito do trem poderá ser ouvido em breve também na localidade de Subida, em Apiúna, onde entrará em operação um trecho de três quilômetros, já em implantação, até o interior da Usina Salto Pilão, com finalidade histórica e cultural.


Como parte da contrapartida social, a usina, em parceria com a prefeitura, vai investir R$ 4,5 milhões para recuperar parte do trajeto original da ferrovia. A pretensão é concluir a recuperação do trecho até agosto.


O Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) doou 22 mil metros de trilhos, que serão usados no local.


A responsabilidade pela manutenção será da Tremtur e Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. O trajeto, que estava coberto pela vegetação desde o fechamento da ferrovia, inclui dois viadutos de pedra e um túnel de 80 metros de comprimento – todos remanescentes do percurso original.


História viva em trilho de 600 metros


Sob a fuligem da chaminé e diante do calor da caldeira, o maquinista Charles Thurow faz a maria-fumaça de 40 toneladas de ferro e aço deslizar sobre os trilhos na Estação Matador.


Apesar de o trajeto da locomotiva de 1920 ser de apenas 600 metros, dentro do vagão de madeira é possível regressar no tempo. O passeio de trem, no Bairro Bela Aliança, em Rio do Sul, relembra desde 2006 os tempos da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC), que há 50 anos, no auge do transporte ferroviário, cortava todo o Vale do Itajaí, de Agrolândia a Itajaí. Se não fosse desativada em 1971, a EFSC completaria neste domingo cem anos de história.


– Tinha oito anos quando ouvi de minha mãe: “olhe, porque é a última vez que o trem vai passar”. Chorei, não quis acreditar – conta Thurow, o primeiro a operar um trem no Vale após o fechamento da ferrovia.


O trecho inaugurado em 1909 ligava Blumenau a Warnow, em Indaial. A possibilidade de fazer o trajeto a 30 km/h, quando o único transporte até então era a carroça, sinalizava novos tempos.


– Foi uma nova ordem do progresso. O processo de civilização no Vale do Itajaí se intensifica com a ferrovia, que facilita o transporte das mercadorias, transforma-se num elo com o interior do Vale e possibilita novos núcleos de povoamento – explica a historiadora Sueli Petry, filha de ex-ferroviário.


Do percurso centenário, pouco restou além de raras fotos do momento da abertura oficial. Na estação da Rua Marechal Deodoro, no Warnow, o prédio inaugural não existe mais. Da construção erguida em 1942 para substituir a original, enxaimel, apenas as paredes continuam de pé, com limo e tijolos chamuscados. Um incêndio em 2007 destruiu telhado, portas e janelas.


Intenção é ter percurso de 28 quilômetros


– Colocou-se o dinheiro acima da memória. Quando a EFSC deixou de funcionar, não se tinha espírito preservacionista. As coisas tinham de ter utilidade. Não se viu sentido em conservar algo que não poderia ser usado – lamenta Luiz Carlos Henkels, voluntário da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).


Dos 184 quilômetros que a ferrovia chegou a abranger, o trem hoje funciona apenas no trecho de Rio do Sul. A intenção é ampliar o percurso para 28 quilômetros, de Bela Aliança à localidade de Subida, em Apiúna, com a função histórica e cultural.

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Fonte: Diário Catarinense

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