No pico da manhã, os trens da Linha 12-Safira da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) chegam lotados na Estação Brás, região central da capital, e partem com atraso para a Estação Calmon Viana, em Poá, na Grande SP. À tarde, a situação se inverte – embora o descumprimento da média de intervalos programados seja menos frequente.
Cerca de 170 mil passageiros são transportados diariamente pela linha, que também atende Itaquaquecetuba, além de São Paulo e Poá. Na tarde da última segunda-feira, um trem descarrilou próximo à Estação Brás e parte do serviço foi interrompido. A retomada completa ocorreu no início da operação do outro dia.
Para diminuir o desconforto de quem pega o sentido mais lotado da linha nos horários de pico, a CPTM reduziu o número de viagens para o sentido com menor demanda. O esquema, conhecido como loop interno, retira trens do lado menos movimentado e coloca no mais, apenas em um trecho (da Estação Brás à Engenheiro Manoel Feio). Com isso, diz a companhia, a lotação nos trens no sentido de maior movimento foi reduzida de 7,3 para 7 passageiros por m2. Já o intervalo médio no pico no sentido menos carregado subiu de 10 para 12 minutos, diz.
Nos horários de pico, a CPTM afirma programar intervalos de 12 minutos entre os trens que vão no sentido menos carregado. Entre as 5h12 e as 7h26 de ontem, 8 dos 10 intervalos observados pela reportagem, porém, superaram esse tempo. O maior período foi de 17 minutos e 44 segundos – quase 6 minutos a mais do que a média. Já durante a tarde, houve menos atrasos. De 10 intervalos medidos, três ultrapassaram os 12 minutos. Por outro lado, as partidas no sentido Brás apresentaram a maior diferença: 18 minutos e 18 segundos entre um trem e outro.
Em seu site, a CPTM divulga intervalos que variam de 6 a 12 minutos nos horários da observação do JT. A tabela, no entanto, não faz menção ao sentido das composições. Ontem, procurada pela reportagem, a empresa informou que a tabela só vale para os sentido mais lotado. No caso da Linha 12, Brás de manhã e Calmon Viana à tarde.
“Já cheguei a mandar vários e-mails para a CTPM, mas nem retornar eles retornam”, afirma o segurança Aluísio Crispim Reis Bento, de 40 anos. “O intervalo chega a ser de 20 a 25 minutos”, diz. “É de 10 em 10 (minutos). Mas antes disso também não vem, não”, diz o vigilante Salvador Pereira, 38.
Indigna
Considerada “indigna” em 2007 pelo governo Serra (PSDB), a linha teve promessa de investimentos de R$ 1,4 bilhão naquele ano. Já em 2008, foi tratada como “linha de metrô de superfície” pelo secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. O valor já gasto não foi informado pela companhia à reportagem.
A entrega de 20 trens novos para a linha foi postergada. Em maio de 2008, a Secretaria de Transportes Metropolitanos prometeu o início da melhoria para 2009. No segundo semestre do ano passado, o governo alterou o prazo para 2010. Ontem, disse que os trens começam a chegar em março do ano que vem. A linha tem 15 composições, fabricadas entre 1965 e 1981 e reformadas até 2008.
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