A América Latina Logística (ALL), administradora da malha ferroviária do Porto de Santos, protocola hoje, na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), um ofício pedindo a retomada da faixa de domínio que acompanha a linha de trem que opera em Guarujá. A empresa alega falta de segurança para funcionários, carga e moradores locais na passagem por um trecho de 1,5 quilômetro, dentro do núcleo habitacional de Prainha, localizado em áreas portuárias (terrenos da União que foram invadidos) à margem do estuário.
O ramal, que possibilita chegadas e saídas de carga a todos os terminais portuários de Guarujá, corta a vizinhança. No local, há moradias construídas irregularmente a um metro dos trilhos 20 metros de terreno de cada lado da linha pertencem à União. A ALL pede a remoção das famílias e a retomada da faixa de domínio para que possa construir um muro no trecho, acompanhando a malha. Isso, de acordo com a companhia, teria como principal vantagem a redução da possibilidade de atropelamentos.
A reivindicação é antiga e foi reforçada ontem, durante o Comitê de Logística do Porto de Santos. O que ocasionou a manifestação é que, segundo a empresa, no último domingo, por volta das 19 horas, ao passar pela região, uma composição foi parada e a carga de milho de quatro vagões, saqueada e esparramada ao longo da via. “O operador foi apedrejado e, na sequência, ameaçado por um indivíduo com arma em punho”, afirmou o coordenador de Relações Corporativas da ALL, Maurício Pinheiro.
O representante da empresa relatou que a retirada do trem foi possível somente à 1h30 de segunda-feira e a remoção completa da carga que ficou nos trilhos, três horas depois. “Foram 9 horas e meia de paralisação de toda a Margem Esquerda. Não dá nem para falar em prejuízo de carga, que é o menor quando se compara a ficar tanto tempo com as operações paradas”, declarou.
Para A Tribuna, Pinheiro queixou-se que a Codesp não garante a passagem dos trens pelo trecho, apesar de constar no contrato de concessãoa prerrogativa da Autoridade Portuária em fiscalizar e manter as linhas livres e desimpedidas, incluindo a faixa de domínio. A empresa cobra, como forma de resolver parcialmente a questão, a retirada das 150 famílias alojadas nos primeiros cinco metros junto à linha do trem, em ambos os lados. Segundo ele, outros órgãos já demonstraram publicamente interesse em resolver o problema, classificado como “recorrente”. “Na hora em que acontecer um acidente ali, um descarrilamento de vagão, por exemplo, 400 pessoas vão morrer na hora. A solução aparece rapidamente quando ocorrer uma tragédia”.
A remoção de famílias de Prainha para conjuntos habitacionais está prevista no projeto de implantação de um terminal de contêineres, que deverá ser construído no terreno atualmente ocupado por esta comunidade, ao lado do Terminal de Exportação de Veículos (TEV).
A empresa MRS Logística, concessionária de parte da linha ferroviária que corta Prainha, registrou boletim de ocorrência.
A Codesp informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que aguardará a protocolação do ofício da empresa para se manifestar oficialmente sobre o assunto.
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