Qual seria o melhor meio de transporte para nossas safras agrícolas?
Houve um tempo, no século 19, em que a locomotiva a vapor já tinha sido inventada e os caminhões ainda não existiam. As estradas de ferro ganharam o mundo. Tinha até estradinha de ferro particular dentro das fazendas.
No século 20, as ferrovias brasileiras entraram em decadência e as rodovias se espalharam.
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Agora, no século 21, o entendimento é que há lugar tanto para os trens quanto para os caminhões e também para balsas e navios. Tudo depende da distância, do custo e até da possibilidade de combinar esses meios entre si. Os trens estão reencontrando seu lugar nesse conjunto.
O transporte de grãos por trem está crescendo no Paraná. Cooperativas de Maringá aproveitam os custos menores para escoar a safra pela ferrovia.
O trem, que atravessa a cidade transportando a produção do campo, leva vagões lotados, principalmente com soja, farelo, milho e açúcar. No Paraná, o volume da safra transportado por via ferroviária aumentou este ano. No primeiro semestre, mais de 5,6 milhões de toneladas de produtos seguiram por trem. Um valor 25% maior do que no mesmo período do ano passado.
O carregamento é feito nos terminais das industrias e cooperativas, onde a produção vai direto dos silos e armazéns para os vagões. Na Cocamar de Maringá, o que sai nessa época, é farelo de soja e milho.
De toda a safra que a cooperativa recebe, trinta por cento é destinada à exportação. É essa produção que é transportada por via ferroviária. O destino do trem é o porto de Paranaguá.
“Basicamente, vai para países da Europa”, disse Julio Cesar Alves, gerente da Cocamar.
A malha ferroviária da região Sul está sob concessão da empresa ALL. São mais de 6,5 mil quilômetros nos três Estados do Sul. No Paraná são 2,1 mil quilômetros de linhas de trem. Só o trecho entre Maringá e Paranaguá tem 650 quilômetros. Da região, saem por dia 700 vagões, que levam quase 50 mil toneladas de produtos agrícolas. Isto responde por 65% do escoamento feito pela concessionária, por dia, no Paraná.
“Noventa e cinco por cento da nossa produção são relacionados ao agronegócio. Só 5% são de produtos industrializados. Para transportar via caminhão, é preciso de um caminhão e um motorista. Nós conseguimos com o trem transportar 120 vagões”, disse José Batista de Oliveira, gerente da ALL.
A preferência pelo transporte ferroviário está no custo do frete, considerado menor do que o transporte rodoviário. Para a cooperativa de Maringá, viagens mais longas ficam mais baratas de trem.
“A partir de 400 quilômetros, o transporte ferroviário é mais competitivo que o rodoviário. Em função desse modelo e da nossa estrutura, o transporte ferroviário é uma opção bastante interessante. Em média, a carreta no primeiro semestre estava com um custo por tonelada de R$ 50 a R$ 60. A redução do custo do ferroviário em relação ao rodoviário é de 10% a 15%. Depende do momento de oferta de vagões ou oferta do próprio rodoviário”, ponderou Julio Cesar.
Saiba qual foi a participação da ferrovia no transporte de grãos para os principais portos do país, no primeiro semestre de 2009: para o porto de Santos foram transportados de trem 56% da soja e 61% de milho. Para o porto de Paranaguá, foram levados de trem 33% de soja e 17% de milho.
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