A Prefeitura de São Paulo planeja fazer uma linha de monotrilhos na zona sul ligando a região do Jardim Ângela à Vila Olímpia, passando por Santo Amaro e pelo eixo das avenidas Chucri Zaidan e Luiz Carlos Berrini. A tarifa cobrada do usuário será igual à do metrô.
O monotrilho -um tipo de trem que usa pneus e trafega em vias elevadas- é mais conhecido pelo uso em parques de diversões, como na Disney.
A Folha teve acesso nesta semana ao projeto de 34,6 km, que inclui ainda um ramal até a Vila Sônia, perto da futura linha 4-amarela do metrô. O custo de todas as etapas (incluindo desapropriações e equipamentos) deve passar de US$ 1,7 bilhão -R$ 3,2 bilhões.
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A primeira fase, entre a estação Santo Amaro do metrô (linha 5-lilás) e a região do terminal de ônibus do Jardim Ângela, ficará pronta, segundo promete a prefeitura, até julho de 2012, último ano da gestão Gilberto Kassab (DEM). A licitação deverá sair até outubro.
Já a ligação até a Vila Olímpia deve ser iniciada, mas não concluída no atual mandato.
A prefeitura prevê que a tarifa do sistema de monotrilho seja igual à do metrô, que geralmente é mais alta que a dos ônibus, meio de transporte mais usado pelos moradores do Jardim Ângela e da M’Boi Mirim para chegar ao centro.
Os cálculos apontam que a nova linha atenderá 80% da demanda atual de trajetos locais feitos de ônibus e quase 100% das rotas para a região central.
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, alega que a tarifa do monotrilho igual à do metrô é necessária por ser um sistema com custo de construção e de manutenção superior ao dos ônibus.
Além disso, afirma Moraes, ele se assemelha mais ao metrô que aos ônibus e a diferença do preço da passagem entre os dois modos, na sua opinião, não é tão grande -hoje R$ 2,30 dos ônibus e R$ 2,55 do metrô.
A ideia, no entanto, é que seja feita a integração com a rede tradicional sobre trilhos. Assim, se o usuário sair do monotrilho e embarcar na linha 5-lilás do metrô, não deverá pagar nova passagem.
A área do Jardim Ângela foi escolhida porque, segundo a secretaria, os ônibus não suportam a demanda. O novo sistema deve ter capacidade para 30 mil pessoas por hora.
Já a Vila Olímpia será beneficiada porque, na avaliação de técnicos, é mal atendida pelo transporte público e porque cresceu muito a partir dos anos 1990, com a expansão dos escritórios na região da Berrini.
Também estão previstos monotrilhos na zona leste (entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes), na zona norte (da Lapa à Cachoeirinha) e na região da Roberto Marinho (passando pelo aeroporto de Congonhas).
Custo do sistema é menor que o do metrô
Construir uma linha de monotrilhos é mais rápido e mais barato que fazer metrô, com a possibilidade de transportar mais gente do que nos ônibus e com baixo impacto no visual urbano.
Essas são os principais vantagens apontadas pela prefeitura e pelo Estado para expandir os monotrilhos.
Mas a utilização dessa tecnologia no transporte de massa é controversa entre os especialistas -há mais de 50 monotrilhos espalhados no mundo, mas esse meio de transporte nunca teve amplo espaço nas principais metrópoles desenvolvidas.
Entre as ressalvas feitas estão as dificuldades para mudança do veículo entre as vias e para retirar os passageiros em emergência.
Técnicos temem que a opção pelo monotrilho possa não ser a melhor para locais de alta demanda (como Jardim Ângela e M’Boi Mirim) -por ser uma estrutura menor que a do metrô, que leva até 50 mil pessoas por hora.
Estão em fase de projeto cerca de 100 km de monotrilhos a serem implantados nos próximos anos em SP.
O km do monotrilho custa de US$ 50 milhões a US$ 70 milhões, incluindo desapropriações. Já cada km de metrô pode custar até US$ 200 milhões, diz a prefeitura. A referência internacional é de US$ 100 milhões, sem contar desapropriações e trens.
O monotrilho é uma inovação no transporte da cidade. Até então, a discussão era construir metrô ou corredor de ônibus, que custa até US$ 30 milhões por km.
Construção pode ser feita por meio de PPP
Parte da linha de monotrilhos da zona sul de São Paulo pode ser feita por meio de uma PPP (parceria público-privada). A decisão deve sair no fim de setembro. O primeiro trecho, de Santo Amaro ao largo Piraporinha, é o único que deve ser bancado com dinheiro da prefeitura -cerca de US$ 260 milhões, ou R$ 490 milhões.
Os trechos restantes podem ser entregues à iniciativa privada, que faria a obra e poderia explorar a bilheteria por um período a ser definido -20 anos, por exemplo.
A maior parte do sistema de trens e metrô da região metropolitana foi construída e é administrada pelo governo do Estado. Apenas a futura linha 4-amarela (Luz-Vila Sônia), que será entregue parcialmente no primeiro semestre de 2010, foi entregue à iniciativa privada.
A prefeitura estima que cada km da nova linha de monotrilho custe de US$ 50 milhões a US$ 70 milhões, dependendo do volume de desapropriações.
O primeiro trecho, de Santo Amaro a Piraporinha, é onde haverá menos desapropriações. A estimativa é que o gasto com desapropriações somente no trecho previsto para 2010, de Santo Amaro ao Jardim Ângela, chegue a R$ 80 milhões. Ainda não foi feita uma estimativa do custo das demais áreas, que seriam entregues a partir de 2014, para a Copa do Mundo.
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