A entrega de um viaduto de 900 metros que faz parte da via perimetral da margem direita do porto de Santos, na próxima semana, dá a partida à série de intervenções viárias destinadas a superar gargalos históricos do terminal santista, que provocam aumentos de custos operacionais. O viaduto elimina um cruzamento rodoferroviário em um ponto estratégico do porto. Com isso, trens e veículos vão circular com velocidade maior e o número de vagões por trem também será maior. Administradora do porto, a Codesp prevê que o modal ferroviário, hoje responsável por 15% do transporte, subirá para 25% em três anos. Já em 2010 chegaria a 20%, ou 18 milhões de toneladas.
A abertura do viaduto ocorre cerca de oito anos depois da concepção do projeto básico da perimetral. Sua licitação deu-se em 2005 e o início das obras em meados de 2007.
Outras duas obras serão entregues ainda este ano, em outubro e dezembro, completando esta fase das obras da perimetral. Em outubro será inaugurado o chamado contorno, com cerca de 3 quilômetros de extensão e custo de R$ 25 milhões bancado pela ALL/Portofer, responsável pela malha interna do porto. Junto ao mesmo traçado, a Codesp terminará em dezembro uma via expressa para facilitar o fluxo de veículos em direção à capital paulista. O viaduto e a pista expressa estão orçadas em R$ 68 milhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Para junho de 2011, a estatal prevê a entrega de outro viaduto, perto da praça da Santa, em direção à Ponta da Praia. Na região situa-se o segundo maior gargalo logístico do porto, agravado na época de temporada turística com o movimento do terminal de passageiros. Esse viaduto vai facilitar os acessos ao corredor de exportação, onde estão os terminais da ADM, Caramuru, Louis-Dreyfus e um pool de operadoras de produtos cítricos. As obras estão sendo tocadas pela OAS Construtora.
A fase final da perimetral, cujo traçado total é de 9,2 quilômetros, ainda não está contratada. Localizada à entrada do porto, para quem vem do planalto, o trecho com 1,1 quilômetro abrigará uma passagem inferior, o chamado mergulhão, para veículos rodoviários. Os trens transitarão pelo leito normal da pista. A obra, que terá de ser compatível com ações de revitalização da área, administrada pela prefeitura, tem custo de projeto técnico estimado entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões, segundo a Codesp. Nesse trecho está o terceiro gargalo logístico.
Para Paulino Moreira Vicente, diretor de infraestrutura e serviços da Codesp, com 34 anos de atuação no cais, a obra entregue na próxima semana é um marco no porto, cuja história será dividida entre antes e depois do viaduto. Ele lista as inúmeras alterações que o projeto inicial sofreu, em razão de exigências ambientais, do patrimônio histórico e de arrendamentos de novos terminais e diz que o porto não poderia planejar o crescimento de operações sem essas obras viárias.
O primeiro impacto positivo previsto por Paulino já ocorrerá nesta safra de açúcar, cujo pico vai de julho a novembro. Três grandes terminais, um da Copersucar e dois da Cosan, situados no primeiro trecho a ser entregue na próxima semana, poderão receber carregamentos em maior volume e com mais rapidez. Dos 13 armazéns na região, sete poderão elevar sua capacidade estática de 20 mil toneladas para até 100 mil toneladas. Os outros seis já atingem esse volume.
Nas estimativas da estatal, as commodities serão, a curto prazo, as mais beneficiadas. Com base no movimento de 2008, 60% da soja, em grão e farelo, que chega ao porto utiliza os trens. No caso do açúcar, esse índice é de 30%. Na outra ponta, apenas 2,3% dos contêineres utilizam trens.
ALL usará trens com 85 vagões
A Portofer, braço da America Latina Logística (ALL) no porto de Santos, detentora da operação interna do terminal, começará a puxar trens com até 85 vagões, ante os 35, em média, atualmente. A restrição na margem direita do porto obriga as composições maiores, que vem da região Centro Oeste, a serem desmembradas, uma operação onerosa que viabiliza o trânsito ferroviário em Santos.
Maurício Pinheiro, coordenador de relações corporativas da ALL, estima que a nova realidade permitirá crescimento acima dos 14% em relação a 2008. No ano passado, todas as ferrovias que chegam a Santos e entregam suas composições à ALL movimentaram 14,3 milhões de toneladas. De janeiro a junho deste ano, foram 7,4 milhões de toneladas, 14% acima de igual período de 2008. A ALL responde por 70% do total.
Com o viaduto vamos reduzir de 30 minutos a uma hora a operação dos vagões no porto. Isso equivale a ganharmos praticamente um terço do tempo normal. Além disso, trabalharemos com maior segurança, livres de abalroamentos com outros veículos, diz Pinheiro.
Segundo ele, a melhora na produtividade faz com que a Portofer projete para fevereiro de 2010 aumento nos pátios de recepção de vagões dos terminais servidos pela empresa, hoje limitados a 15 unidades, que passarão para 40. A empresa, ampliará seu pátio de Outeirinhos, na região do contorno, das atuais quatro linhas de 500 metros cada , para cinco linhas de 1500 metros, sem nenhuma passagem de nível.
O viaduto terá vão de 55 metros e altura de 6,5 metros, o que permitirá às ferrovias utilizar vagões com até dois contêineres sobrepostos.
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