O interesse do governo gaúcho em criar uma empresa ferroviária estatal para os quatro estados do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) foi confirmado pela governadora Yeda Crusius. Ontem, durante encontro com prefeitos do Norte do Estado, Yeda garantiu que o governo gaúcho apoiará a criação da Ferrosul, companhia que deverá integrar as malhas ferroviárias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A nova empresa pública seria criada a partir da expansão da malha da Ferroeste – Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A, companhia de economia mista vinculada ao governo paranaense. Atualmente, a Ferroeste possui 248 quilômetros de linhas ferroviárias, fazendo ligação de Cascavel a Guarapuava, no Paraná. No entanto, já está sendo desenvolvido um projeto de ampliação, de deverá expandir sua malha para 1,2 mil quilômetros de estradas de ferro, previstos para serem concluídos até 2015. Com um custo estimado de R$ 2,94 bilhões, as obras integrariam o porto de Paranaguá ao Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Os trilhos serão implantados com bitola dupla, viabilizando uma velocidade de 120 a 160 km/h, e poderão servir, inclusive, para transportes de passageiros inclusive.
Até ontem, o Rio Grande do Sul era o único estado do Codesul que ainda não havia dado seu aval para a formação da Ferrosul. “Esperamos que agora, com a adesão dos gaúchos, o projeto de formação da empresa ganhe maior impulso”, comemora Samuel Gomes, presidente da Ferroeste, que recebeu uma ligação da governadora confirmando o apoio do governo estadual. Segundo Gomes, a criação da Ferrosul dará impulso à integração nacional, através da ligação com a ferrovia Norte-Sul, projetada pelo governo federal. “Nós daremos à Norte-Sul a metade que falta, ou seja, o Sul”, destacou.
“A criação da estatal será discutida pelos governadores do Codesul na próxima reunião do conselho, que acontece no dia 13 de novembro, em Bonito (MS). A nova empresa seguiria o modelo do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (Brde), sendo administrada em conjunto pelos quatro estados do Codesul, mas também com recursos privados, do Bndes e do governo federal. “Ela não terá aporte orçamentário, o custo do Estado será o de montar o projeto”, lembra o deputado Jerônimo Goergen, que na próxima semana participará de uma audiência com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e com a bancada gaúcha no Congresso, a fim de discutir os planos de criação da Ferrosul.
“Pelos planos atuais, a cidade mais próxima do Rio Grande do Sul que receberá uma linha ferroviária do projeto desenvolvido pela Ferroeste seria Chapecó (SC). No entanto, com o apoio do governo gaúcho à criação Ferrosul, outras linhas poderiam ser construídas no Rio Grande do Sul. Seu ponto de partida em território gaúcho deverá ser a cidade de Nonoai. Parte dos debates terá início no dia 3 de novembro, quando acontecerá uma audiência pública sobre o tema na sede do Ministério Público, em Porto Alegre. A Assembleia Legislativa também já está organizando um seminário para discutir a criação da Ferrosul.
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