As panes da última semana na malha ferroviária urbana do Rio podem indicar algo mais grave ao longo dos 225 quilômetros de trilhos. Dos 159 trens em operação da SuperVia, 53 não podem mais ser reformados e têm de ser substituídos. Ou seja, uma em cada três composições corre o risco de quebrar de vez e provocar um novo efeito cascata de revolta e fúria. Luz no fim do túnel, só em 2011, quando começam a chegar os 38 trens comprados pelo governo na China para substituir as velhas sucatas da década de 1950, reformadas pela última vez há dez anos. Outros 22 serão encomendados em 2010.
Até 2015, terão sido investidos US$ 920 milhões para compra de 120 trens — com 50 encomendas após 2012 — e reforma de 94. Assim, frota renovada só na Olimpíada de 2016. Uma espera longa demais para os 485 mil passageiros diários do sistema, na opinião do engenheiro de transportes Fernando Mac Dowell, da UFRJ:
— A concessão existe desde 1998 e, neste tempo todo, só vieram 20 trens pingados. Existem estudos mostrando que o limite do homem num ambiente de confinamento com quatro pessoas por metro quadrado, com tudo fechado, é de 25 minutos. A partir daí, entra em pânico. Nos trens, são sete pessoas e o tempo cai para dois minutos. Com tantos trens velhos, pode haver um efeito cascata monumental de pânico e quebra-quebra. A manutenção tem de ser a mesda da aviação. Avião não pode cair e nem trem parar.
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