Depois de enfrentar duas semanas sob suspeição dos passageiros, a SuperVia anuncia planos para deixar a estação dos problemas e seguir viagem: a concessionária aguarda a liberação de um financiamento de R$ 150 milhões para instalação de um sistema de proteção automática (ATP, na sigla em inglês). Com o ATP, diz o presidente da SuperVia, Amin Murad, os intervalos entre as viagens poderiam chegar a três minutos.
Na prática, o ATP impede que os trens avancem sinais fechados e excedam a velocidade em pontos perigosos, evitando acidentes, além de manter uma frequência padrão entre as viagens. A consequência de um tempo de espera menor seria o aumento da demanda em até 60%. Assim, de 485 mil usuários, a empresa transportaria 776 mil com os mesmos 159 trens.
Atraso de três anos
O dinheiro virá do BNDES e da Caixa Econômica Federal. Amin Murad estima que a empresa levaria um ano e meio para iniciar a operação do equipamento. Parte dos R$ 150 milhões servirá para reformar 20 trens, dotando-os de ar-condicionado.
— Este financiamento deve sair no fim do ano. Estamos até atrasados para implementar o ATP — diz o presidente da SuperVia.
Murad refere-se à colisão entre dois trens em agosto de 2007, na estação de Austin, em Nova Iguaçu. À época, uma composição avançou o sinal e, numa série de erros humanos que envolveram o centro de controle, oito passageiros morreram e 101 ficaram feridos. Após o episódio, o governo exigiu o ATP na ferrovia até 2009. A previsão é que esteja instalado em 2012.
Culpa nos passageiros
Por outro lado, o presidente da concessionária garante que a maior parte dos atrasos é provocada pelos próprios passageiros.
— Hoje, 80% dos nossos atrasos são causados por usuários que insistem em viajar de portas abertas, danificando o sistema interno de trava. Depois, o maquinista é obrigado a reduzir a velocidade e a parar na estação seguinte para o reparo, que dura até dez minutos — afirma Murad, responsabilizando também a greve dos ferroviários, em abril, que teria piorado a situação:
— Operávamos com 30% da frota para 60% da demanda. Fizemos duas campanhas de conscientização e lançaremos a terceira em novembro.
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