A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), malha de 8 mil quilômetros de extensão controlada pela Vale, amplia a participação do açúcar nos produtos do agronegócio transportados pela empresa. De janeiro a setembro, a FCA transportou 6,7 milhões de toneladas de produtos agrícolas, sendo 1 milhão de toneladas (15%) de açúcar. No mesmo período do ano passado, essa fatia era de 10%. E o negócio continua a crescer.
A FCA implantou este mês uma parceria com a Bunge e com a Mitsui Rail Capital (MRC) para escoar açúcar destinado à exportação desde o município de Santa Juliana (MG), no Triângulo Mineiro, até o porto de Santos (SP). A FCA entra com o conhecimento técnico e a operação, a Bunge com a carga e a MRC investe nos vagões e os aluga, disse o diretor comercial da ferrovia, Fabiano Lorenzi. A malha da FCA liga as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste.
Na parceira com a Bunge foi acertado um contrato de cinco anos que prevê a movimentação de 150 mil toneladas de açúcar a granel no primeiro ano e de 180 mil toneladas anuais nos quatro anos seguintes, afirmou Lorenzi. Segundo ele, a MRC está encomendando no mercado brasileiro 135 vagões para a operação, os quais devem ser entregues até o fim do primeiro trimestre de 2010. Lorenzi disse que os vagões vão ser todos alugados para o transporte da Bunge. Na entressafra do açúcar, eles serão usados para transporte de soja e farelo da Bunge Alimentos de Minas, Goiás e Tocantins para o Espírito Santo.
Lorenzi disse que foi assinado um segundo contrato com a Bunge para transporte de álcool a partir do terminal da empresa no mesmo município de Santa Juliana onde será carregado o açúcar. Ele disse que o contrato de álcool não tem volume fixo de transporte, mas o potencial é de 150 milhões de litros por ano para abastecer distribuidoras da grande Belo Horizonte e Vitória. Segundo a FCA, parte do projeto está em implantação com os primeiros carregamentos, que começaram este mês. São usados comboios de 62 vagões, que têm capacidade de transportar 3,7 milhões de litros. O trem sai de Santa Juliana com destino a Betim (MG), Vitória (ES) e Paulínia (SP).
Lorenzi disse que o acordo com a Bunge para a operação a partir do Triângulo Mineiro representa a entrada da FCA em uma nova fronteira do açúcar. A ferrovia, especializada em carga geral, já fazia o transporte de açúcar do interior de São Paulo para Santos. Entre os principais clientes estão Copersucar, LDC Sev e a usina Carlos Lyra. Em outubro, a FCA fechou contrato com a trading ED&F Man para transportar 1,8 milhão de toneladas de açúcar nos próximos cinco anos. Os embarques serão feitos no terminal de Aguaí (SP) para Santos. Para fazer o transporte, a FCA está modernizando 150 vagões da sua frota.
Segundo Lorenzi, a FCA entrou com mais força no mercado do açúcar a partir deste ano. Ele avaliou que 2009 foi bom para as commodities. Citou dado de mercado segundo o qual foram exportados 12,7 milhões de toneladas de açúcar pelo porto de Santos até setembro, aumento de 41% sobre igual período de 2008. O dado demonstra, segundo ele, que existe potencial de crescimento do negócio açúcar para a ferrovia. Além do agronegócio, no qual movimenta soja, farelo, milho, açúcar e fertilizantes, a FCA tem uma parte importante do seu negócio nos produtos industrializados, incluindo produtos siderúrgicos, cimento e contêineres.
Seja o primeiro a comentar