A falta de integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias gera distorções nos custos de transporte no Brasil. “Se pudermos ter uma operação intermodal ágil e integrada poderemos combinar ferrovias e rodovias com um custo menor”, diz o secretário Antônio Henrique Pinheiro Silveira, da secretaria de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda. Sem uma malha integrada, a capacidade de levar um produto de São Paulo, por exemplo, para a Bahia de trem inexiste, o que satura o sistema rodoviário”, afirma Silveira. “Esse é um dos desafios de logística do país no setor de infraestrutura: caminhar para uma integração intermodal”, destaca.
Na visão de Saturnino Sérgio da Silva, diretor do departamento de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Brasil rompeu uma inércia de anos em que a infraestrutura se manteve travada. Ainda é pouco diante da demanda. “Poderíamos ter feito muito mais do que fizemos”. Para ele, o país vive um momento diverso do de cinco anos atrás, quando o porto de Santos, por exemplo, sem investimentos, era fadado ao estrangulamento. Em 2009, o porto vai fechar com 87 milhões de toneladas de carga movimentada, com meta de chegar a 230 milhões de toneladas em 2030.
Para superar os problemas, o país tem o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, que prevê 917 projetos envolvendo os segmentos rodoviário, ferroviário, hidroviário, de portos e aeroportos. Desse total, 332 são projetos de rodovias; 278 de portos; 96 de ferrovias; 51 hidroviários e 145 aeroportuários. O total de investimentos previsto é de R$ 291 bilhões.
No setor de transportes, o PAC tem 95 ações de pavimentação, duplicação, adequação de capacidade e construção de pontes com investimentos de R$ 23,4 bilhões entre 2008 até 2011. Só para manutenção rodoviária deverão ser gastos R$ 11,8 bilhões. Para a concessão de trechos à iniciativa privada, outros R$ 8,4 bilhões. Mais R$ 13,6 bilhões serão gastos até 2011 para a construção, adequação, remodelação e subconcessão ferroviária. Na construção de terminais hidroviários e melhorias para navegação estão previstos R$ 1,9 bilhão. O PAC ainda prevê o financiamento de cerca de 400 empreendimentos para a construção de embarcações e implantação e modernização de estaleiros, com gasto de R$ 12,9 bilhões.
O Brasil tem um nível de investimento condizente com seu nível de renda. “Não estamos ruim na foto, mas estamos mal no filme”, diz Armando Castelar, da Gávea Investimentos. Enquanto o setor de tefefonia vai bem, o de rodovias está pior do que o esperado, considerando o nível de renda. Segundo Castelar, o aporte de recursos públicos ainda é baixo. Para conseguir crescer os 5% desejados em 2010, seria necessário ampliar o investimento em infraestrutura para 2% a 3% do PIB. O país precisa, diz ele, precisa de de uma rotina de investimentos e não de um plano de emergência como o PAC.
Seja o primeiro a comentar