A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou pesquisa nesta quinta-feira (17) que aponta o crescimento de 95,1% no transporte de cargas pelo setor ferroviário brasileiro entre os anos de 1997 e 2008. Apesar da evolução do setor no país após a privatização de grande parte da malha ferroviária, a CNT estima um investimento necessário de R$ 54,5 bilhões para a adequação do sistema ferroviário à realidade brasileira de país continental.
Atualmente, segundo os dados da CNT, o transporte ferroviário responde por 25% do escoamento da produção nacional. O principal produto transportado é o minério de ferro, responsável por 75,6% do volume total carregado nos últimos 11 anos. Na sequência de mercadorias mais transportadas nas ferrovias, aparecem a soja e os combustíveis. Desde 1997, houve aumento de 75 vezes na movimentação de contêineres no país.
Investimento
Atualmente, a malha ferroviária brasileira é de 29.817 km, administrados por 11 concessionárias privadas e uma pública, a Ferroeste. Segundo a CNT, nos últimos 11 anos, o investimento no setor foi de R$ 18,8 bilhões.
No entanto, o valor estimado de investimentos necessários para melhorias no setor é de R$ 54,5 bilhões, sendo R$ 25,8 bilhões para projetos prioritários. A CNT aponta a necessidade de ampliação da rede atual de 29.817 km para 40.827 km. A estimativa da confederação é de que R$ 74 bilhões sejam empenhados no transporte ferroviário brasileiro nos próximos 10 anos.
O diretor da Associação Nacional do Transporte Ferroviário, Rodrigo Vilaça, acredita que em 2015 o Brasil chegará a 35 mil km de ferrovias. Para ele, se o investimento no setor alcançar o patamar esperado, em 2020 o país terá a malha ferroviária de 40 mil km, número que, para ele, seria o ideal para os dias de hoje. O dado mostra que o Brasil estaria dez anos atrasado.
Segurança
Na pesquisa, realizada entre novembro e dezembro de 2009, foram entrevistadas 131 pessoas entrevistadas, sendo a maior parte clientes das dez principais mercadorias transportadas pelo setor ferroviário. O levantamento mostra que a maioria passou a utilizar os corredores nos últimos 11 anos.
A maior parte dos entrevistados classificou como regular os serviços de coleta e entrega de mercadorias pelo setor ferroviário. Os dados mostram que os clientes do setor consideram “boa” a segurança e integridade das cargas transportadas. “Praticamente inexiste o roubo de cargas”, disse o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
De acordo com os dados da CNT, o setor ferroviário é responsável por 37 mil empregos diretos e indiretos no país. No entanto, os números ainda mostram problemas recorrentes como às passagens de nível críticas e as invasões de faixa de domínio, que são os cruzamentos de ferrovias com rodovias e a expansão de cidades de formas desordenadas em meio a linhas de trem. Segundo o diretor-executivo da CNT, é preciso “retirar as favelas e as construções nas margens das ferrovias”.
Bruno Batista, porém, destaca que o setor ferroviário tem características “de alta competitividade de transporte para grandes volumes e longas distâncias, além de ser seguro, econômico e menos poluente.”
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